Sem asilo no Brasil, Snowden pede prorrogação de seu visto na Rússia
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O ex-agente da CIA Edward Snowden, que revelou a existência de um programa mundial de monitoramento eletrônico pelos Estados Unidos, pediu a prorrogação de seu visto de estadia na Rússia, que expira no dia 31 de julho. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (8) pelo seu advogado russo, Anatoli Koutcherena.
Sem dar maiores detalhes sobre a situação de Snowden, o advogado disse já ter enviado os documentos necessários para a prorrogação de seu visto na Rússia. "Esperamos que o setor de imigração tome uma decisão favorável", declarou o advogado, que orienta o ex-agente da NSA desde sua chegada ao país, em junho do ano passado.
Snowden foi acusado de espionagem nos Estados Unidos depois de revelar a existência do PRISM, um dos programas de monitoramento eletrônico da NSA, a agência de segurança americana.
Os documentos mostram que a NSA, além de interceptar ligações, acessava diretamente a base de dados de empresas como Google, Facebook ou ainda Microsoft e Yahoo. Além de cidadãos comuns, chefes de estado como a presidente Dilma Rousseff e a chanceler Angela Merkel foram espionados.
Em 2013, Snowden ficou mais de um mês bloqueado na área de embarque do aeroporto de Moscou antes de receber asilo do governo russo. O especialista em informática pretendia viajar para a América Latina, mas não conseguiu embarcar. Em junho deste ano, o ex-agente da NSA disse ter enviado um pedido de asilo para o Brasil, onde vive Glenn Greenwald, o ex-jornalista do The Guardian que revelou o escandâlo com exclusividade.
O governo brasileiro, entretanto, não estaria disposto a receber Snowden e prejudicar as relações bilaterais com os Estados Unidos. No ano passado, em resposta às denúncias de espionagem, a presidente Dilma Rousseff chegou a cancelar uma visita oficial que faria aos Estados Unidos em outubro.
Em um discurso na Assembleia-Geral da ONU, ela também criticou o governo americano, dizendo que "tais práticas feriam a soberania dos países", e pediu uma regulação nas atividades de espionagem.
Senadores franceses levam proposta de governança da Internet para a União Europeia
A polêmica lançada pelo caso Snowden levou a uma série de ações da sociedade civil e da comunidade internacional visando a proteção da privacidade dos cidadãos na Internet.
Nesta quarta-feira, o Senado francês apresentou uma proposta de governança da Internet baseada nos princípios da declaração final da Conferência Netmundial, que aconteceu em abril em São Paulo. De acordo com a senadora Catherine Morin-Desailly, o objetivo é que a proposição seja adotada pela União Europeia, "que se encarregaria da implantação de medidas concretas."
Entre elas, a formalização de uma rede de organismos de governança e de um Conselho Mundial da Internet, que seria responsável pela fiscalização da ação dessas instituições.
Outro ponto considerado fundamental é uma reforma do Iccan, órgão mundial responsável por estabelecer regras do uso da Internet, que teria a supervisão da comunidade internacional. No relatório, os senadores também preconizam "o fim dos conflitos de interesses", que hoje envolvem as grandes empresas do setor.
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