Angola

27 de Maio: "não foram excessos, houve barbárie"

Pela primeira vez, o Governo angolano reconheceu os "excessos" cometidos no 27 de Maio de 1977. Sobrevivente fala em “barbaridade”.

Capa do livro "Reflexão: Racismo como cerne da Tragédia do 27 de Maio" de Miguel Francisco
Capa do livro "Reflexão: Racismo como cerne da Tragédia do 27 de Maio" de Miguel Francisco DR
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O advogado angolano Miguel Francisco, 'Michel', louva este passo dado pelo executivo angolano, todavia lembra que o que aconteceu a 27 de Maio não foram excessos, “foram crimes cometidos contra pessoas inocentes”.

Mais vale tarde que nunca! O Governo que sempre teimou em nunca reconhecer a barbaridade que se cometeu neste país. Já naquela altura Angola já era um estado de direito”.

O sobrevivente do 27 de Maio de 1977 acrescenta que “o ministro não foi rigoroso”, pois o que se passou não foram “excessos”, “houve barbárie, crimes contra a humanidade”.

Quando se deu o problema do 27 de Maio mandaram para a sarjeta todas leis vigente no país e de forma bárbara cometeram as atrocidades. Logo, temos de corrigir, não houve excessos, foram crimes cometidos contra pessoas inocentes”.

Miguel Francisco, 'Michel'

Miguel Francisco, agora com 63 anos, foi preso aos 21 e ficou detido até aos 24. Fala numa repressão muito violenta “aquilo que eu vi lá [prisão], as pessoas que eu vi morrer, eu enterrei pessoas para poder sobreviver”. Foi esta repressão violenta e sangrenta que o levaram a “querer que este assunto seja discutido”.

No sábado, Francisco Queiróz, ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola, em declarações à Rádio Nacional de Angola, admitiu uma “reacção excessiva aos acontecimentos que se seguiram à tentativa de golpe de Estado”. O governante acrescentou que “actos ocorridos na altura atentaram contra os Direitos Humanos”.

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