Tráfego aéreo começa a voltar ao normal
Na França, cerca de 75% dos voos intercontinentais vão poder decolar do aeroporto Charles de Gaulle, segundo o ministro da ecologia, Jean Louis Borloo. Mas a erupção do vulcão islandês continua e agora ameaça a Inglaterra.
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Taíssa Stivanin e Luisa Belchior, correspondente da RFI na Espanha
O tráfego aéreo começa aos poucos a voltar ao normal nesta terça-feira na Europa, depois de cinco dias de caos provocado pelas cinzas expelidas pelo vulcão islandês Eyjafoll. Cerca de 75% dos voos intercontinentais que partem dos aeroportos Roissy Charles de Gaulle e Orly, na região parisiense, devem decolar nesta terça-feira, segundo o ministro francês da ecologia, Jean Louis Borloo.
A retomada do tráfego aéreo será feita progressivamente. O ministro explicou que se trata de voos ‘solidários’, fretados também para fins comerciais, realizados por aviões de grande porte, que também vão repatriar os passageiros bloqueados na Europa. Borloo pediu mais uma vez às pessoas que evitem de viajar nas próximas 48 horas, exceto em caso de urgência. As 18 companhias francesas garantiram que vão remarcar os voos dos passageiros que não puderam embarcar nos últimos dias, sem custos adicionais.
Na Alemanha, a Lufthansa, uma das principais companhias aéreas, prevê cerca de 200 voos, ou seja, menos de 15% da capacidade normal, de 1800 decolagens por dia. A Air Berlin por sua vez, anunciou que 100% dos voos estariam assegurados. Na Inglaterra, as autoridades estão em estado de alerta com o anúncio de uma nova nuvem de cinzas que pode chegar à região. A British Airways cancelou todos os seus voos curtos e médios nesta terça-feira.
De acordo com o centro de observação de cinzas vulcânicas de Toulouse, no sul da França, nas próximas 24 horas, a poeira deve passar no sul do mar do Norte, nas ilhas britânicas, na Dinamarca e na Escandinávia, e talvez no norte da França. A nuvem vulcânica, entretanto, só atinge o país nas baixas camadas da atmosfera, o que não prejudica o tráfego aéreo. Segundo o serviço de metereologia islandês, a erupção continua, mas em menor intensidade.
Corredores aéreos
A União Europeia decidiu, nesta segunda-feira, que vai flexibilizar as limitações aos voos no continente. Em reunião de emergência por videoconferência, que teve Madri como base, os ministros de Transporte do bloco aceitaram uma proposta da Eurocontrol (Agência Europeia para a Segurança da Navegação Aerea) para liberar os voos gradualmente, a partir das 6h de terça-feira no horário britânico, 8h na França.
A proposta estabelece três corredores aéreos de acordo com a quantidade de cinzas vulcânicas de cada um deles. No primeiro, os voos continuarão proibidos, já que a quantidade de cinzas torna "impossível garantir a segurança dos aviões", segundo o ministro de Fomento espanhol, José Blanco, que presidiu a sessão.
A segunda zona, com "restos de cinza", terá o tráfego aéreo liberado mas condicionado a avaliações constantes.
Luísa Belchior, correspondente da RFI em Madri
Na terceira zona estão países que não foram afetados pelo vulcão e que, portanto, têm o espaço aereo totalmente liberado. A proposta foi uma forma de ceder em parte às pressões das companhias aereas, que alegam perdas econômicas, sem colocar em risco a segurança dos passageiros. Uma possível compensação às companhias, no entanto, não foi discutida no encontro dos ministros, segundo José Blanco. Ele disse que "isso não é prioridade". Blanco informou, no entanto, que a Comissão Europeia tenta levantar, através de um grupo de trabalho, os prejuízos causados com a paralisação dos voos e, a partir daí, oferecer uma proposta às companhias aereas.
Enquanto o tráfego aéreo europeu não é restabelecido, a Espanha funcionará como ponte para passageiros com destino ao norte europeu. A medida já foi acordada entre os governos da Espanha e do Reino Unido e, por enquanto, os aeroportos espanhóis vão receber cidadãos britânicos em pelo menos cinco bases - Barajas, em Madri, Reus, em Barcelona e Pamplona, Vitoria e Bilbao, no norte do país. De lá, os passageiros serão transportados por trens, ônibus ou barcos até seus destinos finais.
Na reunião, os ministros também foram unânimes em que é preciso atualizar as normas de segurança do espaço aéreo europeu. Atualmente, operações como o fechamento de parte do tráfego aereo dos últimos dias têm como base um protocolo de 1982. Um parâmetro que, para os ministros, está ultrapassado, segundo afirmou o ministro José Blanco. Ele disse que « há um sentimento compartido de que é preciso atualizar esses parâmetros."
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