França

Paris: início do julgamento aos atentados ao Charlie Hebdo

Advogados conversam com a polícia na abertura do julgamento dos atentados de Janeiro de 2015 em París, a 2 de Setembro de 2020.
Advogados conversam com a polícia na abertura do julgamento dos atentados de Janeiro de 2015 em París, a 2 de Setembro de 2020. REUTERS - CHARLES PLATIAU

Alta segurança em torno do tribunal de Paris, onde se sentam desde esta quarta-feira, 2 de Setembro, 11 dos 14 suspeitos de ajudarem os terroristas que semearam o pânico em Paris em Janeiro de 2015. Um processo inédito que vai ser gravado para memória histórica.

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O julgamento aos 14 suspeitos de darem apoio logístico, nomeadamente material, aos três autores dos atentados de 2015, começou esta quarta-feira, no Tribunal Judicial de Paris, que se encontra envolto em várias medidas de segurança.

No banco dos réus estão 11 suspeitos, já que os restantes 3 se encontram fugidos em local incerto entre a Síria e o Iraque, sendo que as autoridades não descartam a possibilidade de poderem estar já mortos.

Nesta primeira de 48 sessões, que se estendem até 9 de novembro, serviu para se começar a conhecer os acusados, muitos deles sem emprego e com um passado criminal.

Nos próximos dias vão falar os familiares das vítimas e só a partir de final de setembro é que a investigação começa a ser abordada, assim como a responsabilidade dos acusados.

É que dos 11 sentados nos bancos dos réus, na capital francesa, nem todos estiveram envolvidos ao mesmo nível no planeamento dos ataques e, por isso, as penas de prisão deverão também variar entre os 30 anos de cadeia a prisão perpétua.

O caso de Ali Polat, um franco-turco de 35 anos, tido como braço direito de Coulibaly, autor do ataque ao supermercado judeu, que provocou 4 mortos.

No entanto, Ali Polat é tido ainda como o arquitecto do plano dos irmãos Koachi, autores do atentado que vitimou 12 pessoas na redacção e imediações do satírico Charlie Hebdo. 

 A gravação do julgamento destes suspeitos, normalmente proibida em França, será pela primeira vez, ao nível de um processo judicial por terrorismo, permitida dada a repercussão do caso na opinião pública francesa. 

No sentido de assinalar este dia, o jornal satírico voltou a publicar as caricaturas do profeta Maomé, que o colocaram na mira dos radicais islâmicos e, esta manhã, o advogado da publicação garantiu que a redacção não tem "medo nem do terrorismo nem da liberdade". 

Já Isabelle Coutant-Peyre, advogada do principal arguido, Ali Polat, criticou os serviços secretos franceses, ao dizer que os atentados podiam ter-se evitado, ao lembrar que os autores dos massacres estavam a ser vigiado até ao mês anterior.

Os atentados de janeiro de 2015 na capital francesa levaram à morte de 17 pessoas, 12 das quais no massacre ao Charlie Hebdo, do qual os irmãos Koachi foram autores, e 5 nos ataques de Amedy Coulibaly a um supermercado judeu e a uma polícia em Montrouge. 

 

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