Europa apoia França contra a Turquia
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A Comissão Europeia alertou esta terça-feira que o apelo, da parte do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ao boicote de produtos franceses, "afasta cada vez mais a Turquia da União Europeia. Vários líderes europeus manifestaram solidariedade para com Emmanuel Macron. Recorreram à rede social twitter, como o presidente do Conselho Europeu.
Charles Michel disse que "em vez de uma agenda positiva, a Turquia escolhe as provocações e as acções unilaterais no Mediterrâneo". Michel considera ainda que a Europa e seus Estados-membros merecem "respeito".
Também, o Alto Representante para a Política Externa da União Europeia Josep Borrell apelou à Turquia para que cesse o que considera uma "espiral perigosa de confronto".
Líderes de vários Estados-membros reagiram igualmente, como o italiano Giuseppe Conte que manifestou plena solidariedade para com Emmanuel Macron considerando "inaceitáveis" as palavras do presidente turco sobre Macron.
Também o primeiro ministro holandês Mark Rutte expressou apoio à França em defesa dos "valores comuns da União Europeia". No mesmo sentido manifestou-se o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros.
O primeiro-ministro português expressou igualmente a sua inteira solidariedade ao presidente Macron, "na defesa das liberdades fundamentais em França, face à retórica de confronto que visa também o modelo europeu de tolerância", afirmou António Costa no twitter.
Este fim de semana, num discurso transmitido pela televisão, Erdogan declarou: "Tudo o que se pode dizer de um chefe de Estado que trata milhões de membros de comunidades religiosas diferentes desta maneira é que faça primeiro exames de saúde mental”.
O Presidente turco apelou ao boicote de produtos franceses: “tal como em França ouvimos apelos a boicotar os produtos turcos, apelo agora aos meus cidadãos para não comprarem produtos franceses”.
A presidência francesa considerou "inaceitáveis" as declarações do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que questionou "a saúde mental" do homólogo francês, Emmanuel Macron.
lisabeth Moreno defende Macron
Esta terça-feira, em declarações ao canal de televisão LCI, Elizabeth Moreno, ministra da Igualdade de Género, Diversidade e Igualdade de Oportunidades, mostrou-se chocada com as declarações de Recep Tayyip Erdogan e falou em instrumentalização.
"Antes de tudo, penso que se trata de uma posição instrumentalizada. Eu fiquei extremamente chocada quando ouvi os comentários que o Senhor Erdogan pronunciou contra Emmanuel Macron.
Saibamos manter a calma. Eu penso que Emmanuel Macron, eu estive presente quando ele fez os diferentes discursos que são hoje criticados, foi extremamente cuidadoso a demonstrar a unidade da França.
Ele foi extremamente cuidadoso quando falou de inclusão. Ele foi extremamente cuidadoso quando explicou quem eram os inimigos da França, e os nossos inimigos são todos os franceses queatentam contra os valores da República, independentemente da sua religião", afirmou.
Este é o mais recente episódio das fortes tensões entre Ancara e Paris. Há duas semanas, o presidente turco considerou uma provocação as declarações de Emmanuel Macron sobre o "separatismo islamita" e a necessidade de "estruturar o islão" em França.
Em Dezembro, a França deverá ter um projecto de lei sobre a luta contra "os separatismos", visando o islão radical, para reforçar a laicidade e consolidar os princípios republicanos. Entre as medidas, está previsto o controlo reforçado do financiamento das mesquitas e a proibição da formação de imãs no estrangeiro.
Além disso, Macron e Erdogan têm posições bem opostas quanto às tensões no leste do Mediterrâneo, ao conflito na Líbia ou aos confrontos em Nagorno-Karabakh.
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