Jihadismo

Grupo islâmico planejava atentados contra políticos, feministas e jornais franceses

O grupo terrorista islâmico Forsane Alizza, que atuava na França sob a fachada de uma organização que combatia a islamofobia, será levado aos tribunais a partir desta segunda-feira (8), em Paris. A célula extremista, que foi dissolvida pela polícia francesa em 2012, planejava atacar personalidades como o ex-presidente Nicolas Sarkozy, além de órgãos de imprensa, como o jornal de esquerda Libération.

Mohammed Achamlane, líder do grupo radical islâmico, vai a julgamento a partir de hoje.
Mohammed Achamlane, líder do grupo radical islâmico, vai a julgamento a partir de hoje. REUTERS/Stephane Mahe
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Segundo dados coletados pela investigação, o grupo liderado pelo “emir” Mohamed Achamlane, de 37 anos, possuia um agente infiltrado dentro da companhia telefônica Orange e, através dele, obteve um banco de dados com endereços e informações pessoais de diversas personalidades consideradas inimigas da cultura islâmica, entre elas muitos políticos do UMP, partido de Nicolas Sarkozy, como o ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin.

Também estaria na mira do grupo o escritor Éric Zemmour, conhecido por seus ataques virulentos contra a presença islâmica na França, além de Silhem Hachbi, líder do movimento feminista “Ni Pute, Ni Soumise” (“Nem puta, nem submissa”). Nas mensagens trocadas com o informante, o líder do grupo pedia dados de policiais, juízes e deputados, "para formarmos um grande banco de informações e constituir uma forma de pressão”.

Em um arquivo intitulado “dados UMP.odt” (“dados do partido UMP”), os juízes antiterroristas dizem ter encontrado informações como modelos dos carros, emails e número de filhos de integrantes do partido de centro-direita, que foi responsável pela prisão dos integrantes do Forsane Alizza, na gestão de Nicolas Sarkozy. Os documentos também revelam que o grupo pretendia atacar com coquetéis molotov o jornal Libération, em represália por ter ajudado a equipe de outro veículo, o Charlie Hebdo, quando este teve sua sede incendiada pelo próprio Forsane Alizza.

Julgamento

Todos esses dados recolhidos pela investigação ao longo dos últimos anos devem pesar, a partir de hoje, contra 15 integrantes do grupo, que serão julgados sob acusação de planejar atentados sob a fachada de lutar contra a islomofobia.

No centro da investigação está Mohamed Achamlane, fundador do site Forsane Alizza, que dizia combater o proconceito contra muçulmanos na França. Mas, em 2011, a agressividade de seu discurso o levaria aos tribunais por incentivo à discriminação racial ou religiosa.

Mesmo assim, o grupo continuou organizando manifestações, principalmente contra a proibição do véu itengral usado por algumas mulheres muçulmanas, o niqab. Em janeiro de 2012, o grupo foi dissolvido pelo Ministério do Interior francês, acusado de apologia à luta armada.

Na sequência da ação policial, o Forsane Alizza publicou um manifesto em que exigia a retirada das tropas francesas de todos os territórios de maioria muçulmana, além do fim das leis contra o véu e o niqab. “Se nossas exigências não forem levadas em conta, consideraremos que o governo francês entrou em guerra contra os muçulmanos”, dizia o texto.

Ao longo da investigação, integrantes do Forsane Alizza foram rastreados buscando informações sobre compra de armas na internet. Em um chat, o líder Achamlane diz que “por Allah todo poderoso, vamos deixar cicatrizes na França”. Se condenados, os 15 membros do grupo podem pegar até 10 anos de prisão.

 

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