Japão

Carlos Ghosn detido por suspeita de fraude fiscal

O presidente do grupo Renault/Nissan, Carlos Ghosn, foi detido esta segunda-feira, no Japão. A detenção ocorreu na sequência de uma auditoria interna depois de denúncias de fuga ao fisco e de desvio de fundos.

Carlos Ghosn, presidente do Conselho de Administração da Nissan e presidente-executivo da Renault.
Carlos Ghosn, presidente do Conselho de Administração da Nissan e presidente-executivo da Renault. JOEL SAGET / AFP
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O presidente dos conselhos de administração da Nissan e Mitsubishi Motors e presidente executivo da Renault, Carlos Ghosn, foi detido, esta segunda-feira, em Tóquio, depois de ter sido ouvido pela procuradoria, por suspeitas de declaração de rendimentos inferiores aos que auferiu e por ter alegadamente usado os bens da empresa para fins pessoais.

Em comunicado, a Nissan indicou que Carlos Ghosn "declarou, durante anos, rendimentos inferiores ao montante que auferia" e que “foram também descobertos outros desvios, como a utilização dos bens da empresa para fins pessoais”. O Conselho de Administração da Nissan reúne-se na quinta-feira para votar a exoneração de Carlos Ghosn.

O franco-libanês-brasileiro, de 64 anos, protagoniza, assim, um rude golpe para a parceria Renault-Nissan-Mitsubishi que reivindica o título de primeiro grupo automóvel mundial, com 10,6 milhões de veículos vendidos no ano passado, diante dos rivais Toyota e Volkswagen. Na bolsa de Paris, a notícia afundou as acções da Renault em mais de 12% e no mercado alemão a Nissan perdia mais de 7%, para mínimos de 2014.

Carlos Ghosn era, até agora, venerado no Japão por ter salvado a Nissan da falência, em 1999, unido à Renault, e era conhecido como o “cost killer” ("exterminador dos custos") por ter transformado o grupo em crise numa empresa rentável com um volume de negócios anual de perto de 100 mil milhões de euros.

O empresário foi presidente-executivo da Nissan entre 2001 e 2017, quando passou o testemunho a Hiroto Saikawa – ainda que se mantendo na liderança do conselho de administração. Como presidente-executivo da Nissan, recebeu quase 8,8 mil milhões de euros entre abril de 2016 e março de 2017. Além disso, ganhava mais de 7 milhões de euros anuais enquanto presidente-executivo da Renault que dirigia desde 2009. Carlos Ghosn preside, também, o Conselho de Administração da Mitsubishi Motors, que salvou em 2016 ao adquirir, através da Nissan, uma participação de 34% na empresa então mergulhada num escândalo de falsificação de dados.

 

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