Regime sírio abre fogo contra manifestantes anti-governo
Publicado a: Modificado a:
A Síria enfrenta um novo dia de protestos nesta sexta-feira contra a repressão do governo aos manifestantes de Deraa, ao sul de Damasco, que defendem há vários dias reformas democráticas. A jornada de protestos, convocada sob o slogan "dia da dignidade", terminou em violência, com pelo menos pelo menos 17 manifestantes mortos, segundo testemunhas.
As forças de segurança sírias abriram fogo novamente contra manifestantes que protestam há vários dias contra o governo na região de Deraa, cidade localizada a 120 km de Damasco. Segundo um militante de direitos humanos, que pediu anonimato à Agência France Presse, pelo menos 17 pessoas teriam morrido atingidas pelos disparos. O militante relatou que os manifestantes percorriam um trecho de 40 km entre as cidades de Sanamein e Deraa. As forças de segurança também teriam atirado contra manifestantes que estavam no centro de Deraa.
Damasco também teve um dia de protestos. Depois da oração na mesquita Ommeyades, no centro da capital, os manifestantes saíram às ruas em direção ao mercado Hamadiyeh aos gritos de "Deraa é a Síria" e "nós nos sacrificaremos por Deraa". Os participantes do protesto cruzaram partidários do regime que responderam com gritos de "com nosso sangue e nossa alma nós nos sacrificaremos por Bashar Al Assad", presidente da Síria. O protesto foi dispersado pela polícia secreta que prendeu várias pessoas, segundo testemunhas locais. Na periferia de Damasco, em At Tal, aproximadamente mil pessoas se manifestaram demonstrando seu apoio a Deraa.
A repressão às manifestações de Deraa, que começaram há uma semana, deixou pelo menos 100 mortos, segundo militantes dos direitos humanos. A cidade agrícola de 75 mil habitantes fica a 100 km de Damasco e é símbolo da contestação ao regime de Bashar Al Assad.
Na quinta-feira, as autoridades sírias indicaram que estudam suspender o estado de sítio, há 50 anos em vigor no país, prometeram medidas anticorrupção e anunciaram que libertariam os manifestantes detidos nos últimos dias. O presidente da Síria também assinou um decreto concedendo um aumento salarial imediato de até 30% para os funcionários públicos. Segundo o decreto, os salários inferiores a 200 dólares terão um reajuste de 30% e os de 200 dólares ou mais, de 20%.
A pobreza afeta 14% dos 22 milhões de sírios, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O desemprego atinge 20% da população economicamente ativa, de acordo com especialistas independentes.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro