OIT destaca diminuição do trabalho informal no Brasil
O relatório anual sobre o emprego divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) dá destaque ao Brasil, ao evidenciar o aumento do emprego formal no país. A entidade ligada à ONU observa que a facilitação do registro dos microempreendedores e a diminuição de impostos fizeram 2,4 milhões de trabalhadores deixarem o trabalho informal, dos quais 1,5 milhão pagam contribuições sociais pelo menos uma vez ao ano.
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O fortalecimento dos sindicatos e da fiscalização do trabalho também contribuíram para diminuir os índices da informalidade no país. Entre os autônomos, diz a organização, apenas 17% dos 19 milhões trabalhadores – 20% da força de trabalho - eram registrados e pagavam tributos sociais em 2009.
A relatório inclui dados até 2012. O professor da Unicamp Cláudio Dedecca, especialista em economia social e do trabalho, observa que, depois disso, a situação se estagnou.
Escute aqui a reportagem:
FATO EM FOCO
“Os dados do Brasil naquele período eram de fato muito positivos, em termos de geração de emprego, aumento da formalização, evolução dos salários no Brasil e queda das desigualdades. A preocupação que eu acho importante é que o contexto de 2013 para cá só piorou: o país convive com restrições maiores para amplificar o crescimento, que precisaria ser superior a 2%”, afirma. “Com o crescimento mais baixo, a geração de empregos enfraquece - como já ocorreu -, assim como a tendência da redução da desigualdade e das políticas públicas.”
Peso do crescimento econômico baixo
Para Dedecca, apesar dos avanços registrados nos últimos anos, o principal desafio do país nesta área permanece a diminuição do trabalho informal – que hoje ainda representa um terço do mercado. O pesquisador destaca que se o país crescer em torno de 2% nos próximos anos, o problema não deve regredir.
“Para reduzir mais, é preciso crescer mais. Com essa taxa, não teremos uma deterioração do mercado de trabalho mas também não teremos o enxugamento da informalidade”, avalia.
Salário mínimo
Em seu relatório, a Organização Internacional do Trabalho ressalta a importância do salário mínimo como ferramenta para o desenvolvimento social e demonstra que o estabelecimento de um piso para a remuneração não afeta a criação de empregos. Para o professor da Unicamp, o Brasil deve conseguir chegar a um salário mínimo mais perto das necessidades reais dos cidadãos ao longo da próxima década.
“Só há valorização real com uma política moderada de médio a longo prazo, compatível com a evolução da economia e que permita a previsibilidade econômica. E essa política só existe há sete anos, embora o salário mínimo tenha quase 75 anos”, explica. “É claro que a evolução até agora é insuficiente, mas essa política garante que, mais cedo ou mais tarde, o salário mínimo terá um valor adequado.”
No mundo, entre 1980 e 2011, o salário per capita aumentou em média 3,3% por ano nos países em desenvolvimento, contra 1,8% nos países industrializados. Segundo a OIT, nos países em desenvolvimento, 839 milhões de trabalhadores ainda ganham menos de dois dólares por dia. Mas esses empregos representam apenas um terço do total de postos, contra 64% há 20 anos.
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