França promete reforços na "guerra contra o coronavírus"
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou um plano de investimento significativo nos hospitais e a majoração das horas extra e bónus para os profissionais de saúde. O chefe de Estado francês apontou, ainda, o recurso ao exército para reforçar missões sanitárias. Esta quinta-feira, Emmanuel Macron participa em duas vídeo-conferências: uma cimeira do G20 e um Conselho Europeu em busca de respostas contra a pandemia que contaminou mais de 480 mil pessoas no mundo e deixou quase 22 mil mortos.
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A França quer intensificar as armas na "guerra contra o coronavírus". Esta quarta-feira à noite, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou um plano de investimento significativo nos hospitais, a majoração das horas extra e bónus para os profissionais de saúde, assim como o recurso ao exército para reforçar missões sanitárias, nomeadamente o transporte de equipamentos e de doentes com Covid-19.
Esta é a resposta de Emmanuel Macron às criticas do sector hospitalar que continua a lamentar a falta de meios para combater o vírus e que estava em greve há mais de um ano para denunciar a falta de equipamento, pedir aumento de salários e a melhoria das condições de trabalho. Entretanto, vários médicos recorreram ao Conselho de Estado para denunciar a má gestão na administração do stock de máscaras.
"Após esta crise, um plano significativo de investimentos e de revalorização das carreiras vai ser lançado para os hospitais", afirmou Emmanuel Macron, depois de uma visita ao hospital militar de campanha de Mulhouse, um dos pontos críticos em França. O presidente francês lembrou, também, que já morreram médicos em França devido a esta doença.
O chefe de Estado francês também disse que esta sexta-feira se vai encontrar com os parceiros sociais para responder às perguntas de todos os trabalhadores "em segunda linha", ou seja, os trabalhadores do sector alimentar, das entregas e dos serviços de limpeza.
"Pedi ao governo para dar uma resposta clara e forte a curto prazo para o conjunto do pessoal de saúde e o total dos funcionários mobilizados. E isto por forma a que se aumente o tarifário das horas extraordinárias e se atribua uma compensação excepcional em sinal do reconhecimento da nação. De forma mais global, o pessoal de saúde que batalha hoje para salvar vidas lutou ontem, muitas vezes, também para salvar os hospitais e a nossa medicina. Muito foi feito, porém, sem dúvida, não com a celeridade e a firmeza devidas. O compromisso que agora assumo em prol deles e de toda a nação é a implementação, após esta crise, de um plano massivo de investimentos e de valorização do conjunto das carreiras que construiremos em prol do sector hospitalar. É o que lhes devemos e o que devemos à nação. Esta resposta há-de ser profunda e de longa duração", declarou Emmanuel Macron.
Emmanuel Macron, Presidente francês
Em França, 1.331 pessoas morreram vítimas do Covid-19 e há mais de 3.000 pacientes em reanimação. Registou-se, também, a primeira morte de um guarda republicano. De acordo com o Insee, o Instituto Francês de Estatísticas, a perda de actividade económica está avaliada em 35% e se a quarentena, iniciada a 17 de Março, perdurar dois meses o PIB vai perder 6 pontos.
Esta quinta-feira, Emmanuel Macron participa em duas vídeo-conferências, nomeadamente uma cimeira do G20 e um Conselho Europeu em busca de respostas coordenadas contra a pandemia que contaminou mais de 480 mil pessoas no mundo e deixou quase 22 mil mortos. Os líderes do G20, ou seja os 8 países mais industrializados do mundo mais a Espanha, Jordânia, Singapura e Suíça reúnem-se para procurar respostas económicas para a crise.
Por outro lado, os chefes de Estado e de governo dos 27 membros da União Europeia juntam-se para responder, a curto prazo, à emergência sanitária e, a longo prazo, à crise económica e social que se começa a fazer sentir. Entre as possibilidades em cima da mesa está a criação de um centro europeu de gestão de crises e a criação de um mecanismo de mutualização das dívidas chamado "coronabonds". O apelo para uma maior solidariedade financeira foi novamente lançado ontem por nove países, nomeadamente a França, Itália, Espanha, Grécia, entre outros, mas enfrenta a oposição de parceiros como a Alemanha e a Holanda.
Entretanto, nos Estados Unidos, republicanos e democratas no Senado chegaram a acordo para um plano de resgate no valor de 22.000 milhões de dólares. O plano deve ser, primeiro, validado pela Câmara dos Representantes e visa compensar a falta de segurança social das famílias mais modestas.
Em Espanha, o governo desbloqueou 420 mil milhões de euros para comprar material à China e o balanço das vitimas mortais ultrapassa o da China (3.434 mortos).
Na Rússia, Moscovo anunciou a suspensão de todos os voos internacionais a partir desta noite.
Quase 22 mil mortos em todo o mundo
De acordo com um balanço feito pela Agência France Presse, desde que surgiu em Dezembro, o novo coronavírus matou 21.867 pessoas em todo o mundo. Foram registados 481.230 casos de infecção em mais de 182 países e territórios desde o início da pandemia.
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