Moçambique identificou "cidadãos nacionais" que captam imagens de atrocidades com homens fardados
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Jaime Bessa Neto, ministro da defesa de Moçambique, afirma que "há cidadãos nacionais" entre os que captam vídeos e fotografias, nos quais elementos com farda das Forças de Defesa e Segurança cometem atrocidades, como o vídeo da senhora nua, violentada e executada em Mocimboa da Praia, por elementos trajados com uniforme do exército e difundidas a partir do exterior.
Jaime Bessa Neto, ministro moçambicano da defesa, não revela detalhes, mas garante que já foram identificados os cidadãos, que colaboram com grupos terroristas na captação e tratamento de imagens para a sua divulgação posterior, sendo o último, o caso o vídeo de uma mulher nua, violentada e executada com vários tiros, por elementos trajados com o uniforme das Forças de Defesa e Segurança, em Mocimboa da Praia, na província nortenha de Cabo Delgado.
"...estamos determinados para vencer o terrorismo e, é isso que nós estamos a fazer...estamos a investigar, vamos encontrar qual é a fonte. Alguns moçambicanos tiram ou fazem estas imagens, montagens e entregam lá fora e nós sabemos quem são, vamos expô-los um dia, vamos pegá-los, porque estão a agredir a nação moçambicana".
Estes não pertencem ás forças de defesa e segurança negou o ministro da defesa quando questionado no final da cerimónia de lançamento, no quartel general em Maputo, capital do país, da semana comemorativa do 56° aniversário do desencadeamento da luta de libertação nacional e dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Orfeu Lisboa, correspondente em Maputo 16/09/2020
Em comunicado, a ong de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional, volta a instar as autoridades moçambicanas a lançarem imediatamente uma investigação independente e imparcial sobre a execução extrajudicial de uma mulher indefesa em Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, após análise laboratorial concluiu que a mulher nua foi espancada e baleada 36 vezes por elementos com fardas das Forças Armadas.
Sobre este novo caso, uma fonte militar local, que falou com investigadores da Amnistia Internacional, forneceu uma justificação bizarra para o assassínio, alegando que "a mulher tinha enfeitiçado o exército moçambicano e recusado mostrar-lhes o esconderijo dos insurgentes", que pertencem a um grupo conhecido por Al-Shabaab.
O respectivo vídeo surgiu nas redes sociais a 14 de Setembro, mas desde 7 de Setembro que circula nos telefones celulares, o que coicide com uma mega operação governamental para atacar insurgentes em Awasse e Diaca, na província de Cabo Delgado, o que implica uma forte presença de militares das Forças Armadas de Moçambique no local.
Na semana passada, a Amnistia Internacional já tinha denunciado actos de tortura alegadamente cometidos pelas forças de segurança e pedia um inquérito independente e imparcial.
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