Líbia/Crise

Kadafi acusa Al-Qaeda pela rebelião e diz que é o povo quem governa

Mouammar Kadhafi, durante discurso neste 2 de março de 2011.
Mouammar Kadhafi, durante discurso neste 2 de março de 2011. AFP/ Mahmid Turkia

O ditador líbio fez um discurso numa cerimônia na capital Tripoli, transmitido ao vivo em um canal de TV na França. Ele voltou a acusar a rede terrorista Al Qaeda de ser responsável pelas manifestações na Líbia.

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Em seu discurso, Kadafi repetiu que não exerce um verdadeiro poder na Líbia e que se considera guia da revolução, ocorrida em 1969. "Desde 1977, quando a monarquia foi derrubada é o povo que exerce o poder através de comitês populares", disse Kadafi.

O ditador também disse que o congelamento dos bens do Estado líbio pelos países estrangeiros é um roubo. Com esse discurso,  fica claro que o ditador não tem intenção de deixar o poder, apesar das pressões da comunidade internacional, que continua dividida sobre uma possível intervenção militar na Líbia.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse agora ha pouco que é chegado o momento de Kadafi partir. Mas o ditador não se dá por vencido.

Contra-ataque

Muammar Kadafi, continua resistindo à rebelião popular que explodiu em 15 de fevereiro. As forças de segurança do regime conseguiram retomar o controle das cidades de Marsa e Brega, no leste do país, onde fica um importante terminal de petróleo.

A região havia caído nas mãos dos opositores nos últimos dias, mas eles não resistiram ao combate desta quarta-feira. A cidade de Ajdabyah, que ainda está nas mãos dos insurgentes, foi bombardeada mais cedo por dois aviões militares. Ela fica ao sul de Benghazi e abriga depósitos de armas. Alguns pilotos líbios disseram que receberam ordens de realizar um bombardeio em massa, mas se recusaram a atacar.

Mercenários e tuaregues

Kadafi minimizou a ação, declarando que apenas locais militares e depósitos de armas foram bombardeados. Além de contratar mercenários africanos no combate contra seus opositores, a nova estratégia do ditador é recrutar jovens tuaregues de tribos nômades do deserto na região do Mali e do Níger.

Na capital Tripoli, ainda controlada pelo ditador, jornalistas testemunharam nesta quarta-feira a explosão de um caminhão-pipa no centro da cidade, que não teria feito vítimas. Assim que ouviram o barulho, partidários de Kadafi se aproximaram do local em chamas e começaram a gritar "fidelidade ao regime".

Andrei Netto, do jornal "O Estado de São Paulo", em colaboração especial para RFI
"Estamos circulando entre cidades do oeste com extrema prudência, sem autorização, para revelar esse outro lado, o dos revoltosos."

 

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