Violência israelense contra civis preocupa comunidade internacional
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A comunidade internacional condenou o ataque do exército israelense que matou ao menos 16 palestinos que se refugiavam em uma escola da ONU no campo de refugiados de Djabalia, no norte da Faixa de Gaza. Em visita à Costa Rica, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou o bombardeio de "atroz e injustificável".
A mesma palavra, "injustificável", foi utilizada pelo presidente francês François Hollande, que exigiu que um cessar-fogo seja estabelecido imediatamente. Para o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, "é extremamente preocupante que milhares de palestinos forçados a deixar suas casas sob ordens do exército israelense não encontrem seguranção nos abrigos das Nações Unidas em Gaza".
Em Nova York, o secretário adjunto das Nações Unidas destacou que os civis palestinos não têm nenhum lugar para se refugiar, questionando o argumento israelense de que o Hamas utiliza a população como escudo humano. "Chega um momento em que é realmente necessário dizer chega e encontrar as palavras que têm o poder de acabar com isso", declarou Jan Eliasson a jornalistas.
Para o presidente palestino, Mahmoud Abbas, o que acontece em Gaza é uma "tragédia humanitária". Em carta endereçada a Ban Ki-moon, ele pediu que "todos os meios à disposição das Nações Unidas sejam utilizados para fornecer ajuda e socorro à população palestina nesta grave crise humanitária".
De acordo com responsáveis da Agência da ONU de Ajuda aos Refugiados Palestinos (UNRWA), o exército israelense havia sido advertido 17 vezes que a escola abrigava civis que haviam fugido dos combates. O último aviso teria acontecido poucas horas antes do atentado desta quarta-feira.
Um porta-voz do exército israelense se contentou em declarar que combatentes palestinos haviam atirado um morteiro a partir dos arredores da escola e que a única coisa que as forças de Israel fizeram foi responder. O suposto tiro de morteiro não feriu ninguém.
Quarta sangrenta
Nesta quarta-feira, apesar de uma trégua humanitária de quatro horas ter sido decretada, a Faixa de Gaza viveu um de seus dias mais violentos, desde o início da operação israelense Limite Protetor. Com os 108 mortos do dia, o número de vítimas palestinas da ofensiva chega a 1359. De acordo com números divulgados ontem pela ONU, ao menos 827 vítimas são civis e 243, crianças. Entre os 6.233 feridos de ontem, havia quase 2 mil crianças.
O ataque mais mortal do dia aconteceu justamente durante o período de trégua, no final da tarde, contra um mercado de frutas e legumes em Shajaya, na periferia da Cidade de Gaza. Ao menos 17 pessoas morreram e 150 ficaram feridas no bombardeio.
Ainda durante a trégua, sete palestinos foram mortos em um ataque aéreo próximo de Khan Yunes. Antes do cessar-fogo temporário, 76 palestinos haviam perdido a vida nesta quarta-feira. Do lado israelense, três soldados morreram hoje. Agora, são 56 soldados e três civis israelenses mortos.
"Terremoto"
"Tamanho massacre exige uma resposta imensa, um terremoto", ameaçou o porta-voz do Hamas, Fauzi Barhum. Mohammed Deif, chefe do braço armado do movimento islâmico, prometeu prosseguir com os combates até que seja retirado o embargo imposto por Israel contra a Faixa de Gaza em 2006. O Egito propôs uma trégua incondicional que, a princípio, Israel teria aceito, mas o Hamas não. Na quarta-feira, uma delegação palestina chegou ao Cairo para novas negociações.
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