Papa cria tribunal para julgar bispos que protegem pedófilos
O papa Francisco autorizou nesta quarta-feira (10) a criação no Vaticano de uma instância judiciária encarregada de julgar bispos que não agem com transparência em casos de pedofilia em suas dioceses. Eles serão julgados por "abuso de poder" e “violação do direito canônico” se acobertarem os padres denunciados por abusos sexuais de menores de idade ou adultos em situação de fragilidade, anunciou o Vaticano.
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O novo tribunal vai integrar a Congregação para a Doutrina da Fé, explicou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi. O papa Francisco ordenou a nomeação do pessoal necessário para o funcionamento da nova instância judiciária e autorizou a liberação dos recursos necessários para a sua criação.
O delito de "abuso de poder episcopal" já existia no direito canônico, mas foi revisado agora para contemplar os casos de bispos que não denunciam os abusos. Esta é uma reforma importante que mostra o compromisso de Francisco na luta contra a pedofilia de religiosos.
Reivindicação antiga
As associações de vítimas de padres pedófilos reivindicavam há anos a criação deste tribunal no Vaticano. Francisco formou no ano passado uma comissão, integrada por 17 pessoas de várias nacionalidades, incluindo representantes das vítimas, para lutar contra a ocultação de abusos, uma prática corrente nas últimas décadas dentro da Igreja Católica. A comissão de especialistas, presidida pelo cardeal americano Sean O'Malley, elaborou a proposta que foi aprovada hoje pelo papa.
As queixas serão recebidas e transmitidas pelas congregações para os Bispos, para a Evangelização dos Povos e para as Igrejas Orientais, que são as três instituições que acompanham as atividades episcopais no mundo.
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