Primárias de esquerda no "tudo menos Valls"
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Decorreu ontem o segundo round televisivo das primárias da esquerda com vista às presidenciais de Maio aqui em França, os sete candidatos à magistratura suprema tendo-se mostrado mais combativos neste segundo encontro.
Apesar de as sondagens anunciarem um pequeno aumento de 1% do interesse dos franceses (43%) na primária da esquerda, o debate televisivo de ontem reuniu apenas cerca de 1.750.000 telespectadores, os mais conhecidos dos sete candidatos tendo nomeadamente centrado os seus ataques contra o antigo Primeiro-Ministro Manuel Valls.
O antigo ministro da educação Vincent Peillon, designadamente, atacou Valls sobre o dossier dos refugiados lamentando que "os franceses tenham sido mais generosos do que os seus dirigentes". Valls retorquiu assumindo a restrição ao acolhimento dos refugiados ao considerar que "a França esteve certa ao conduzir esta política porque o acolhimento ilimitado não é possível". Por seu lado, outro dos seus mais directos adversários, Benoit Hamon, também antigo membro do governo socialista, visou Valls ao declarar que "a honra da França é fazer viver os seus valores".
No respeitante à política económica de Valls, o antigo titular dessa pasta, Arnaud de Montebourg criticou "um poder demasiado brando com os poderosos e por vezes demasiado duro com os mais fracos nestes últimos anos". Único ponto de convergência entre todos os candidatos, a necessidade de uma "Europa unida e forte".
Contudo, não só entre os sete candidatos às primarias de esquerda se jogou ontem o futuro desse lado do xadrez político. Valls considerou que quem ganhar a primaria, terá "uma força e uma legitimidade" para representar a esquerda nas presidenciais face à crescente popularidade do "outsider", Emmanuel Macron, antigo ministro da economia, em boa posição nas sondagens e que continua a arrecadar apoios importantes. Depois de Segolène Royal, foi ontem a vez do chefe da diplomacia Jean-Marc Ayrault considerar que "Macron é um homem de esquerda"... um sentimento que não é partilhado por Benoît Hamon que recordou ontem os múltiplos ataques de Macron contra a lei socialista das 35 horas de trabalho semanal.
Entretanto, enquanto os candidatos de esquerda se digladiavam na televisão, o Presidente Hollande fez questão de comunicar que ia ao teatro, o chefe de Estado cessante não devendo igualmente votar na primeira volta das primárias de esquerda no próximo Domingo uma vez que está previsto que ele esteja em visita oficial no Chile.
Refira-se ainda que antes do voto, está ainda previsto um 3° round para estas primárias na quinta-feira. Na corrida estão o antigo chefe do governo socialista Manuel Valls, 3 candidatos considerados à esquerda do PS, os antigos ministros socialistas da educaçao Vincent Peillon e Benoît Hamon, assim como o antigo titular da pasta da economia Arnaud de Montebourg, e por fim, candidatos menos conhecidos do grande público, François de Rugy, presidente do partido "écologistes!", Jean-Luc Bennahmias, candidato da "Frente Democrata" e Sylvia Pinel, presidente do "Partido radical de Esquerda" que integrou os governos de Ayrault e Valls, esta sendo a única mulher na corrida.
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