Artes

Cinemateca Portuguesa leva filmes à casa de cada um

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A Cinemateca Portuguesa criou um ciclo online e gratuito com filmes portugueses, entre clássicos do cinema mudo ou dos anos 1930 a 1950, a obras do Cinema Novo. A programação vai ter outros conteúdos para os mais jovens e também para os mais cinéfilos. O objectivo é “levar a Cinemateca para casa das pessoas numa altura em que as pessoas não podem sair de casa”, afirma José Manuel Costa, director da Cinemateca Portuguesa, que espera um "sobressalto colectivo em torno da arte e do cinema" depois do confinamento.

Cinemateca Portuguesa criou ciclo de filmes online intitulado "Gestos & Fragmentos" para o tempo de confinamento.
Cinemateca Portuguesa criou ciclo de filmes online intitulado "Gestos & Fragmentos" para o tempo de confinamento. © Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema
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"O que quisemos foi levar a Cinemateca para a casa das pessoas nesta altura em que as pessoas não podem e não devem sair de casa. Quanto aos filmes é, de facto, uma novidade. Quem nos conhece sabe que nós privilegiamos em absoluto a experiência do cinema em sala de cinema, temos uma programação muito intensa e consideramos que é sempre importante realçar que a verdadeira experiência de cinema, a única que achamos completa e aquela para a qual os filmes foram pensados é a experiência da sala. Mas, numa altura em que as pessoas estão em casa, que não podem ter acesso às salas de cinema - no mundo inteiro - achámos que devíamos também fazer um esforço para levar filmes do património português, que estão preservados e digitalizados pela Cinemateca, para que as pessoas possam aceder a eles", explica José Manuel Costa,  director da Cinemateca Portuguesa.

Entre as longas-metragens disponíveis gratuitamente online estão, esta semana, “Os Verdes Anos” (1963), de Paulo Rocha, e “Lisboa, Crónica Anedótica” (1930), de Leitão de Barros. O ciclo chama-se ‘Gestos & Fragmentos’, um nome inspirado num filme de Alberto Seixas Santos, e inclui outros conteúdos, desde espectáculos de Lanterna Mágica, a ensaios de cinema e peças do museu do cinema.

Esta semana, também há “O Fabuloso Espetáculo de Lanterna Mágica do Professor Mervyn Heard”, os escritos “I Was Interrupted”  de Nicholas Ray e a possibilidade de ver um conjunto de vidros para Lanterna Mágica.

Depois, vai haver filmes dedicados à revolução de 25 de Abril de 1974 e outros marcos do cinema português, como “A Canção de Lisboa” (1933), de Cottinelli Telmo, “Brandos Costumes” (1974) de Alberto Seixas Santos, “O Mal-Amado” (1973) de Fernando Matos Silva, “Os Lobos” (1924), de Rino Lupo, “A Revolução de Maio” (1937), de António Lopes Ribeiro, “Gestos & Fragmentos” de Alberto Seixas Santos, entre muitos outros. A programação vai durar, pelo menos, até ao final de Maio, em função do confinamento.

Quando o confinamento acabar, José Manuel Costa promete a retoma da programação suspensa pela pandemia de Covid-19, com a retrospectiva integral dedicada a Federico Fellini, os ciclos dos cineastas Raoul Ruiz e Ousmane Sembene, e uma homenagem ao músico José Mário Branco. 

"A minha esperança é que, com todas as incógnitas que possa haver, também venha a haver um sobressalto positivo. Ou seja, depois de tanto confinamento, de tanto isolamento, que as pessoas venham a sentir - ainda mais do que estavam a sentir antes - o prazer, o gosto de voltarem a estar juntas em torno da arte, no cinema como nas outras artes. Mas, em particular, no cinema porque o cinema vive uma época histórica de transformações grandes em que cada vez mais produzimos e acedemos às obras através das novas tecnologias  (...) A minha esperança é que quando não podemos ter, talvez nos lembremos mais do que perdemos quando não temos, e talvez pensemos mais nessas emoções que podemos viver juntos e que agora não podemos viver", afirma José Manuel Costa. 

Oiça a entrevista nesta edição de ARTES.

Entrevista a José Manuel Costa

 

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