Presidente turco anuncia reabertura da Basílica Santa Sofia ao culto muçulmano
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Dito e feito – a promessa que o presidente turco Recep Tayyip Erdogan fez, irá mesmo confirmar-se – a imponente Haghia Sofia, Santa Sofia em português, um dos museus mais visitados da Turquia, irá mesmo converter-se numa mesquita aberta à oração dos fiéis muçulmanos a partir de 15 de Julho.
O próprio Presidente Recep Tayyp Erdogan foi quem o anunciou esta sexta-feira (10/07) depois do Supremo Tribunal turco ter confirmado a revogação do estatuto de museu, que datava do regime laico de Kemal Ataturk, o fundador da moderna república turca.
Segundo a justiça turca, o registo do edifício, propriedade de uma fundação, autoriza apenas o seu uso como mesquita.
O edifício, classificado património da humanidade pela Unesco, é um monumento à coexistência religiosa. Construída no século VI como a maior catedral do mundo cristão, na então Constantinopla bizantina, foi transformada em mesquita no século XV, quando os otomanos conquistaram Bizâncio, e é desde os anos 30 do século passado um museu.
As tentativas de transformar o imponente edifício numa mesquita levantaram um coro de críticas no Ocidente.
O patriarca ortodoxo Bartolomeu I, ele próprio baseado em Istambul, sugeriu “que tal iria despertar a ira de milhões de ortodoxos no mundo inteiro”.
Atenas por seu lado tinha avisado que esta decisão poderia abrir um “grande fosso emocional” entre a Turquia e países cristãos e os governos de França e dos EUA criticaram a decisão.
Uma vez mais, o icónico edifício - o seu nome em grego significa Santa Sabedoria, encontra-se no centro de uma verdadeira batalha ideológica.
Em 1453, quando o jovem sultão Mehmet II o Conquistador conseguiu atravessar as muralhas de Constantinopla, foi directo à então maior catedral do mundo cristão.
Reza a lenda que mal entrou na catedral ajoelhou-se debaixo dos mosaicos com a figura da Virgem Maria, e deu graças a Allah. O Sultão logo converteu o edifício numa mesquita imperial, símbolo do novo império otomano.
Quinhentos anos mais tarde, e após o colapso dos Otomanos, o novo regime secular de Ataturk retirou-lhe o simbolismo religioso.
Agora Erdogan confirma mais uma vez a todo o mundo que a “sua” Turquia não tem qualquer problema em virar costas ao Ocidente, para seguir o seu próprio caminho, numa espécie de neo-Otomanismo, em busca de um destino glorioso.
“Deixaremos para trás uma Turquia digna do nosso antepassado O Conquistador”, afirmou o Presidente.
A agora mesquita poderá abrir aos fiéis já no próximo dia 15 de julho, quando se celebrara o quarto aniversário do falhado golpe de Estado contra o todo-poderoso Erdogan.
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