Arménia/Azerbaijão

Azerbaijão e Arménia assinam acordo de cessar-fogo

Manifestantes reuniram-se junto à sede do governo arménio.
Manifestantes reuniram-se junto à sede do governo arménio. Karen MINASYAN / AFP

Após seis semanas de conflito no Nagorno-Karabakh, o Azerbaijão e a Arménia assinaram um acordo de cessar- fogo, sob a égide de Moscovo.

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O anúncio de cessar-fogo foi feito pelo primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinian, ontem à noite, e confirmado minutos depois pelo Presidente Vladimir Putin.

« No dia 9 de Novembro, o Presidente do Azerbaijão (Iham Aliev), o primeiro-ministro da Arménia ( Nikol PAchinian) e o Presidente da Federação russa assinaram uma declaração que anuncia um cessar-fogo total de todas as acções militares, na zona de conflito do Nagorno-Karabakh, a partir da meia-noite do dia 10 de Novembro, hora de Moscovo», indicou Vladimir Putin numa declaração publicada pelos órgão de comunicação.

O que prevê o acordo

O texto prevê o fim das hostilidades e lança as bases para um acordo político no Nagorno-Karabakh. Cerca de 2000 soldados russos, armados e equipados de veículos, terão a missão de assegurar a paz ao longo da linha de contacto e no corredor de Latchine e devem assegurar-se da retirada das forças arménias. Os soldados russos ficam presentes na região até 2025, madanto que pode ser renovado por mais cinco ano.

O corredor de Latchine deve regressar para o Azerbaijão e uma nova estrada deve ser construída nos próximos três anos para permitir a circulação entre Stepanakert, capital do Nagorno-Karabakh, e a Arménia.

A Arménia deve ainda devolver territórios ao Azerbaijão, territórios que foram anexados, e uma parte do Nagorno-Karabach. Os habitantes desses territórios anexados devem ser evacuados nos próximos cinco anos.

Reacções ao acordo

Numa declaração publicada nas redes sociais, o primeiro-ministro arménio Nikol Pachinian lamentou a «decisão que é muito dolorosa para mim e para o nosso povo». «Não é uma vitória, mas não há derrota enquanto não nos consideramos vencidos (...) Isto deve marcar o início de uma nova era para a nossa unidade nacional», escreveu.

Por seu lado, o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, considerou o acordo de "capitulação" da Arménia. «Nós forçamos (o primeiro-ministro arménio Nikol Pachinian) a assinar um documento, isso equivale à capitulação", disse ele à televisão. “Eu disse que íamos expulsar (os arménios) de nossas terras como cães, e foi o que fizemos».

Este anúncio motivou manifestações de alegria no Azerbaijão e de contestação na Arménia, onde os manifestantes invadiram durante a noite a sede do Governo e do Parlamento.

O acordo de cessar-fogo acontece depois de as forças do Azerbaijão terem tomado o controlo da cidade-chave de Shushi. A cidade tem um valor militar significativo porque se situa numa região montanhosa cerca de dez quilómetros a sul da capital da região, Stepanakert, e está na estrada principal que liga o Nagorno-Karabakh à Arménia.

O conflito entre as forças azerbaijanas e arménias pelo Nagorno-Karabakh reacendeu a 27 de Setembro e desde então o total de número de mortos é incerto. Estima-se que, com a escalada de violência em Nagorno-Karabakh, mais de mil pessoas tenham já perdido a vida, muitas das quais, civis.

 

 

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