Estados Unidos / União Europeia

Reunião comercial entre EUA e Europeus em contexto de desconfiança

As bandeiras dos Estados Unidos e da União Europeia em 2010, aquando de uma cimeira da NATO em Lisboa.
As bandeiras dos Estados Unidos e da União Europeia em 2010, aquando de uma cimeira da NATO em Lisboa. © ASSOCIATED PRESS - Virginia Mayo

Desde hoje e até amanhã, decorre em Pittsburgh, nos Estados Unidos a primeira reunião conselho da União Europeia e Estados Unidos sobre o Comércio e Tecnologia (TTC) criado no passado mês de Junho, uma reunião cujo adiamento chegou ainda na semana passada a ser evocado, dado o clima de desconfiança entre os americanos e os europeus e especialmente os franceses na sequência da 'crise dos submarinos'.

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Até esta quinta-feira, altos funcionários americanos e europeus, entre os quais o Secretário de Estado americano Antony Blinken e o Comissário Europeu para o Comércio, estão reunidos em Pittsburgh, antiga capital da siderurgia agora convertida em Babel das novas tecnologias no Estado de Pennsylvania.

Na mesa das discussões está nomeadamente o pesado legado deixado por Trump em matéria de trocas comerciais, em particular as taxas aduaneiras de 25% sobre o aço de 10% sobre o alumínio em proveniência da Europa aplicadas desde 2018.

Ainda antes da abertura do encontro, o Comissário Europeu para o Comércio, Valdis Dombrovskis, considerou ontem que as discussões sobre este diferendo "estão numa fase avançada" e que um acordo poderá ser alcançado até Novembro.

Relativamente aos restantes assuntos em discussão, soube-se que os debates iriam ser organizados em torno de dez grupos que deverão abordar problemáticas tão diversas como a regulamentação das plataformas digitais, o enquadramento da inteligência artificial, o controlo dos investimentos estrangeiros, as exportações estratégicas e em particular a escassez de semicondutores.

Sobre esta ultima questão também, o Comissário Europeu para o Comércio referiu que tem havido "uma comunicação" com os americanos que pretendem alcançar um acordo nesta matéria, numa altura em que tem aumentado exponencialmente a procura de aparelhos electrónicos que, dado o contexto de pandemia, nem sempre recebeu resposta à altura.

Em linha de mira, está a "fábrica do mundo", a China, que tem vindo a ganhar uma posição predominante e até tem sido acusada de práticas comerciais abusivas. Embora tanto os Estados Unidos como a Europa tenham feito deste assunto uma questão de soberania, as opiniões divergem quanto aos caminhos a serem seguidos. A Administração Biden vai na continuidade da linha de confronto directo seguida pelo seu antecessor. 

Já a União Europeia prefere distanciar-se desta estratégia, numa altura em que a confiança é menos evidente do que no passado, duas semanas depois da 'crise dos submarinos' vir parasitar as relações entre os dois blocos aliados históricos.

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