DJ francês lança compilação de música de São Tomé e Príncipe
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O DJ francês Thomas Bignon (DJ Tom B) criou uma compilação dedicada à música de São Tomé e Príncipe dos anos 70 e 80. “Léve Léve” é lançado a 31 de Janeiro pela editora suíça Bongo Joe Records e reúne nomes como África Negra, Conjunto Mindelo, Tiny das Neves e Pedro Lima, entre outros históricos.
O disco chama-se “Léve Léve” e é o primeiro volume de um trabalho que Thomas Bignon promete continuar para fazer vibrar as pistas de dança e para salvaguardar uma memória musical que teme estar a perder-se.
O projecto começou há cinco anos, ainda que Thomas Bignon se tenha deixado levar pelos ritmos lusófonos há muito mais tempo. Agora, diz que quer dar o devido palco a um país “leve leve que produz uma música com uma energia brutal”.
“A mistura são-tomense é bem especial no sentido em que é uma mistura histórica entre as batidas angolanas, cabo-verdianas, ‘benga’ do Quénia, ‘afoxé’ brasileiro, 'soukous' do Congo e também tem uma influência que vem do Caribe. Essa batida local, a puxa, tem uma energia e uma força bem especial”, descreve.
Por isso, o estilo principal que percorre o disco é “o puxa” e entre os nomes escolhidos estão “África Negra, Sangazuza, Pedro Lima, os conjuntos mais velhos como Mindelo, Leonenses, os Untués e coisas mais recentes como Sum Alvarinho, Conjunto Equador, Tiny das Neves”.
Para a compilação, o DJ escolheu o que chama de “bombas de pista” para fazer dançar o público, mas “a selecção foi difícil porque tem muitas faixas que merecem figurar”. Depois desta primeira compilação, com a legenda “Volume 1”, haverá “com certeza” um “Volume 2”.
“A ideia é democratizar essa música tão difícil de alcançar e tão cara”, continua, sublinhando que são discos muito raros, muitos deles por terem sido editados em pequenas quantidades.
A acompanhar a compilação está um livro sobre a história de São Tomé e Príncipe e da sua música, mencionando, por exemplo, Os Untués, um dos primeiros grupos a ter sucesso fora, passando pelo Conjunto Mindelo nos anos 70, ou pelos África Negra, que são um dos exemplos das influências dos discos da África Central que chegavam ao arquipélago nos anos 80.
“Em Abril fui lá para encontrar e entrevistar os velhos músicos dos conjuntos históricos, as lendas de lá, há alguns que estão vivos e que ainda tocam. Fiz uma dezena de entrevistas e tenho várias para fazer agora”, conta.
Nos próximos tempos, além de continuar a trabalhar na próxima compilação, Thomas Bignon vai levar este disco a muitas pistas, “na Suíça, talvez em Lisboa até ao Verão, talvez em São Tomé também”.
Oiça a entrevista nesta edição de Vida em França.
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