Um pulo em Paris

Governo francês lança cartilha para garantir direitos de alunos trans nas escolas

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O ministério francês da Educação publicou nesta quinta-feira (30) no Diário Oficial um texto visando acompanhar os alunos trans nas escolas do país e instaurar as regras sobre o papel da instituição diante desses casos.  

Escolas franceses deverão se adaptar para integrar melhor os alunos trans (imagem ilustrativa).
Escolas franceses deverão se adaptar para integrar melhor os alunos trans (imagem ilustrativa). © PATRICK HERTZOG / AFP
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O texto, que funciona como uma espécie de cartilha para os professores e diretores de escolas, é fruto de um trabalho de reflexão que estava em andamento desde o início do ano.

O estopim do processo foi o suicídio de Fouad, uma adolescente trans, que se matou em dezembro de 2020 após ter sido impedida pela direção do colégio de assistir as aulas vestindo uma saia. O caso comoveu a opinião pública e lançou o debate sobre a necessidade de se formar os professores e funcionários dos estabelecimentos de ensino.

“A escola, como serviço público fundado nos princípios da neutralidade e da igualdade, deve acolher todos os alunos em sua diversidade e garantir a integração de cada um deles”, anuncia o ministério no preâmbulo do texto. “Todas as medidas de acompanhamento devem ser elaboradas de maneira individual, se baseando nas necessidades expressadas pelos próprios alunos e seus pais”, continua o texto.  

Concretamente, os estabelecimentos escolares deverão adotar o nome escolhido pelo aluno, com o consentimento de seus pais. Além disso, a escola terá que respeitar a aparência que o estudante deseja adotar.

O ministério também dá indicações sobre o uso de banheiros e vestiários, que poderão ser frequentados pelos alunos de acordo com sua identidade de gênero. 

Igualdade nas escolas

A questão de gênero nas escolas já foi alvo de polêmicas na França. Em 2014, durante a presidência do socialista François Hollande, o governo tentou adotar uma cartilha intitulada "ABCD da Igualdade", que visava lutar contra os estereótipos masculino-feminino.

Na época, a medida foi manipulada por representantes da extrema direita, que lançaram fake news sobre o ensino de uma suposta "teoria do gênero" nas escolas, alegando que o texto teria como objetivo confundir a identidade sexual das crianças. Esses rumores provocaram tensões e muitos pais chegaram a impedir seus filhos de irem à escola em sinal de protesto. 

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