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França reforça segurança cibernética ante grupos de hackers mais perigosos do planeta

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A França se prepara para inaugurar no outono europeu o "Campus Cyber", um centro especializado em segurança cibernética que reunirá 1.500 especialistas. O objetivo da iniciativa é reforçar a capacidade de reação do país às ameaças e aos ataques cibernéticos, a nova forma de guerra travada no cenário mundial. 

Edifício que irá acolher o "Campus Cyber" em La Défense, a 10 km do centro de Paris.
Edifício que irá acolher o "Campus Cyber" em La Défense, a 10 km do centro de Paris. © arthurweidmann1 / Twitter
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Um edifício de 25.000 metros quadrados em La Défense, bairro empresarial e financeiro a oeste de Paris, irá sediar o "Campus Cyber". Equipes de várias escolas de engenharia informática (Epita, Efrei e outras), de grandes grupos e start-ups, como Orange, Thales, Airbus, CybelAngel e Sekoia, além de integrantes de órgãos públicos e laboratórios de pesquisa, irão trabalhar juntos no local. Na era das guerras híbridas, é fundamental investir no desenvolvimento de tecnologia, mas também reunir talentos capazes de antecipar e defender o país de inimigos. Em fevereiro de 2021, o presidente Emmanuel Macron anunciou que faria € 1 bilhão de investimentos nessa área.

Em sua edição semanal, a revista francesa L'Express descreve os grupos de hackers mais periogosos em ação no mundo ligados aos Estados. 

O braço de guerra americano nessa área é o The Equation Group, unidade de espionagem cibernética afiliada à Agência de Segurança Nacional (NSA) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O grupo de espiões digitais já teria pirateado 42 países, entre eles a França, segundo a L'Express. Mas os principais alvos do Pentágono continuam sendo os inimigos Afeganistão, China, Rússia, Irã, Paquistão e Síria, entre outros.

Na Coreia do Norte, o ditador Kim Jong Un dispõe do Bureau 121, unidade secreta do Exército Popular norte-coreano especializada na promoção de ataques cibernéticos. Uma das ações notáveis desse grupo aconteceu em maio de 2017, quando hackers norte-coreanos conseguiram infectar 300 mil computadores em 150 países com o ransomware Wanna Cry, um software malicioso que impedia os usuários de acessarem seu sistema e exigia o pagamento de resgate. Recentemente, a Coreia do Sul revelou que Pyongyang tentou atacar a farmacêutica Pfizer para obter a vacina desenvolvida em parceria com a BioNTech contra a Covid-19.

A unidade de ciberinteligência das Forças Armadas de Israel – Unit 8200 ou ISNU – tem a particularidade de ser composta essencialmente por mulheres. O grupo já desmantelou vários ataques terroristas e pirateou, em 2015, o editor antivírus russo Kaspersky, utilizando uma versão do malware Duqu de roubo de dados. Esse malware serviu para espionar as grandes potências na época das negociações que antecederam a assinatura do acordo sobre o programa nuclear iraniano. 

Rússia, China, Irã: todos têm seus exércitos de piratas cibernéticos

A China também tem sua unidade de ciberinteligência, conhecida pela sigla PLA Unit 61398, ligada ao Exército Popular chinês. Hackers desse grupo já foram acusados de roubar informações sensíveis do sistema de defesa antimísseis israelense. No período de 2006 a 2013, os piratas do Exército chinês extraíram dados de 141 empresas anglo-saxônicas. 

De acordo com a revista L'Express, o Irã financia quatro grupos de hackers – APT 33, APT 34, APT 35 e APT 39. Um dos ataques memoráveis dos piratas iranianos foi a invasão dos computadores da gigante petroleira saudita Aramco, em 2012. Eles conseguiram desativar 35 mil computadores da empresa. 

A Rússia, que vive em constante atrito com os europeus, é muito avançada nessa área. O grupo de hackers Fancy Bears, que seria próximo dos militares russos, é um dos mais temidos pelas potências ocidentais. Eles espionaram o Parlamento alemão durante vários meses em 2014 e conseguiram desativar 20% da artilharia ucraniana graças a um aplicativo pirata, recorda a L'Express

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