Escritor franco-argelino é libertado na Argélia e acolhido na Alemanha após um ano de prisão
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Depois de um ano preso na Argélia, o escritor franco-argelino Boualem Sansal foi liberado e transferido, na última semana, para a Alemanha, onde recebe cuidados médicos. A libertação, anunciada pelo governo argelino no dia 12 de novembro, aconteceu após a intervenção do presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que disse “expressar profunda gratidão (ao escritor) pelos serviços prestados ao país”.

As revistas francesas desta semana detalharam o caso, que colocou em xeque o governo da França.
Com uma reportagem de capa, a revista L’Express destacou, na manchete, que Boualem Sansal era “o prisioneiro de Argel” e detalhou as negociações diplomáticas realizadas ao longo do último ano. Num dos títulos da matéria, o semanário foi bastante crítico, afirmando que a Argélia estava manipulando a França há um ano. “Por várias vezes, o Eliseu acreditou na libertação próxima do escritor, refém do regime de Argel”, destacou a publicação, dizendo que os argelinos pareciam brincar com “os nervos” dos franceses.
Já a revista Nouvel Obs afirmou que Sansal, de 81 anos, nunca parou de denunciar uma tendência totalitária do governo da Argélia. Para a publicação, o escritor enfrentou a prisão com uma coragem inabalável.
A reportagem lembrou ainda que o autor de livros como 2084: o fim do mundo e A aldeia da Alemanha, explora, em suas obras, o totalitarismo, como o nazismo do passado e o islamismo dos dias de hoje.
A prisão
A revista L’Express destaca que, no ano passado, muitos amigos estavam preocupados com a ida de Sansal, que acabara de obter nacionalidade francesa, à Argélia. Eles se preocupavam especialmente devido à hostilidade de Argel visando escritores críticos do governo. Ele foi preso no aeroporto da capital argelina no dia 16 de novembro de 2024, com a embaixada da França sendo informada somente no dia 19 daquele mês.
Para Nouvel Obs, há muitas hipóteses que tentam explicar sua prisão. Alguns opositores do regime argelino dizem que o governo queria ouvir Sansal antes da sua partida definitiva para a França, já que ele conheceria muitos dissidentes, diplomatas e figuras consideradas por Argel como hostis.
A libertação do escritor põe fim à preocupação e revolta de amigos e admiradores de Boualem Sansal, mas mantém a já delicada relação entre a França e a Argélia.
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