Velocidade, confiança e defesa compacta: Pia Sundhage desenha seleção feminina de futebol do Brasil
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Pia Sundhage, técnica da seleção brasileira de futebol feminino, aposta em rapidez, habilidade na disputa de bolas altas e na "perseverança" - em inglês, "grit" - para aperfeiçoar o jogo das brasileiras. Ela conversou com a RFI após o empate contra a Finlândia na terça-feira (22) que garantiu ao Brasil o 3° lugar no Torneio Internacional da França, mas que esteve longe de satisfazer as expectativas da treinadora sueca.
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Márcia Bechara, enviada especial a Caen
Em entrevista à RFI depois do empate com as finlandesas no estádio Michel D'Ornano, em Caen, no norte da França, a técnica Pia Sundhage disse ter ficado desapontada com o resultado. “Viemos para a França preparadas para ganhar os três jogos", afirmou.
"Tentamos preparar a equipe o máximo possível para isso, mas não conseguimos. No entanto, realmente gostei de alguns aspectos desse jogo, como algumas jogadas defensivas da Rafa e da Tainara", salientou. "Elas foram excelentes na defesa. Outros exemplos foram nossos contra-ataques e nosso domínio da posse de bola, que, na verdade, criou possibilidades de gol. Eu gostaria de ver isso acontecer com mais frequência”, disse a treinadora.
Veja imagens do jogo contra a Finlândia e trechos da entrevista com Pia Sundhage:
A sueca comentou a dificuldade de finalização das jogadoras brasileiras. “A temporada de jogos começou tarde esse ano. Veja a Marta, ainda não disputou nenhuma partida. Temos jogadoras como a Luana, que vem do PSG, e também não fez muitos jogos. Então é claro que sentimos falta dessa pegada, desse espírito e desse timing", avaliou Sundhage. "Eu ainda acho que nos tornaremos mais conectadas, e, em abril, quando temos outros jogos, estaremos mais aptas a melhorar em campo tanto a defesa quanto o ataque”, contemporizou.

Pia Sundhage sublinhou também a necessidade de mudar o mental da seleção feminina de futebol. “Acho que fizemos um bom trabalho nesse sentido. Começamos defendendo, o que é uma ótima maneira de ganhar confiança. Não é apenas fazendo gols ou passes que conseguimos isso, trata-se de um jogo muito complexo. Se cada uma das jogadoras tiver a habilidade de encampar a defesa como algo do tipo – ‘olha, o time adversário não consegue marcar’ – isso afetará positivamente o nosso ataque também”, analisou.
A treinadora fez também um balanço das principais fragilidades atuais do time brasileiro. “Atualmente não conseguimos manter a posse de bola durante muito tempo, e as trocas também ainda estão lentas, o que é compreensível, porque não estamos em plena temporada", disse. "Mas se elas conseguirem sentir que são invencíveis, se conseguirmos atingir esse conceito excelente que aprendi com os norte-americanos – o 'grit', que quer dizer perseverança para atingir metas a longo prazo – isso talvez apareça em sua linguagem corporal e em seu desempenho em campo”, apontou Sundhage.

“Eu ainda acredito no que estamos fazendo e, portanto, preciso ser paciente e ter coragem. A mesma coisa precisa acontecer com as jogadoras. Costumamos dizer que é um passo-a-passo”, argumentou a sueca. Os próximos passos, segundo Sundhagen, é se preparar para o próximo confronto, que ainda não tem data marcada.
“Assim que soubermos a data do próximo jogo, prepararemos o time integralmente sobre a estratégia das adversárias. No que diz respeito a nosso próprio jogo, há espaço para melhorar a disputa de bolas altas no campo. No jogo contra a Finlândia, vimos Tainara e Rafa jogarem de um jeito que me passa muita confiança nesse sentido. Mas conversamos também sobre nos tornamos mais compactas para disputar as bolas altas, e assim termos mais acesso a jogadas, com dois ou três passes criando uma chance de gol. Esse é nosso próximo passo”, concluiu a treinadora da seleção canarinho.

Para Marta, a eterna estrela veterana de um time em franca renovação depois de Tóquio, "a questão de construir as jogadas e fazer com mais rapidez, tanto na hora de atacar quanto de defender, é o que vai fazer a diferença nessa equipe", afirmou a jogadora em entrevista à RFI.
"O trabalho tem que continuar, a gente tem que ter essa consciência de que somos uma equipe nova, mas que tem muito talento e muita qualidade. As meninas precisam entender que existe uma necessidade de manter uma disciplina de trabalho, de procurar evoluir em todos os sentidos, parte física, parte técnica, porque dessa maneira a gente vai conseguir fazer as ações e jogar contra as grandes equipes, como França e Holanda", declarou.
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