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Um ano depois, quais os impactos da guerra na Ucrânia para a União Europeia?

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Há exatamente um ano, na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, lançava uma invasão militar em larga escala no leste da Ucrânia, com o intuito de “proteger a população do Donbass”, região onde ficam Donetsk e Lugansk, duas repúblicas separatistas pró-Rússia que foram reconhecidas como independentes pelo Kremlin pouco antes da invasão.

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A invasão russa na Ucrânia completa um ano nesta sexta-feira (24).
A invasão russa na Ucrânia completa um ano nesta sexta-feira (24). AP - Ahn Young-joon
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

A comunidade internacional condenou a decisão de Moscou e a violação da soberania ucraniana nas regiões rebeldes, que estavam fora do controle de Kiev desde 2014. Começava assim o primeiro grande conflito europeu do século XXI.

A invasão russa na Ucrânia está completando um ano nesta sexta-feira (24). Foi a primeira invasão territorial de um Estado soberano europeu desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o que para muitos era inimaginável.

Da noite para o dia, as relações pós-guerra fria com Moscou mudaram, assim como a estabilidade da paz na Europa. A guerra na Ucrânia alterou profundamente a arquitetura de segurança europeia. Já se discute, inclusive, como disponibilizar rapidamente equipamentos militares a um país sob ataque.

Além disso, o conflito reavivou o compromisso dos Estados Unidos com a Otan. Com uma grande guerra dentro de suas fronteiras, a Europa, que viveu décadas de relativa paz, está sendo obrigada a rever suas estratégias.

O equilíbrio de poder dentro da União Europeia parece estar mudando e a influência do Leste Europeu crescendo, desde que a Polônia e os países bálticos começaram a liderar o apoio à Ucrânia.

Asilo imediato

Com a guerra na Ucrânia, a Europa se viu diante da maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), desde o início da invasão russa, quase 8 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia para diversos países do bloco europeu, além da Rússia.

Pela primeira vez a UE ativou uma diretiva que concedeu aos Estados-membros a permissão de proteção imediata a 4 milhões de refugiados ucranianos realocados principalmente na Polônia e na Alemanha. A decisão histórica foi muito criticada por ativistas e organizações não-governamentais por não ter sido utilizada com outros grupos de requerentes de asilo.

Outro movimento importante provocado pelo conflito foi o de acelerar a concessão do status de país candidato à adesão ao bloco europeu à Ucrânia e à Moldávia. A guerra criou um argumento político para justificar esta nova expansão da União Europeia: unidade perante a agressão.

Assim, em poucos meses, a candidatura da Ucrânia, antes considerada irrealista, se tornou viável, mesmo que a oficialização da entrada do país ainda demore alguns anos.

Dependência energética

Outra crise instaurada com a guerra se deu no plano energético. Com o conflito, a dependência excessiva da Europa em relação ao gás e ao petróleo russos foi dolorosamente exposta.

No dia em que Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, 40% do gás natural e 25% do petróleo utilizados na UE eram fornecidos pela Rússia. Em alguns países do Leste Europeu, a dependência energética da Rússia chegava a 90%. Quando as bombas começaram a cair em Kiev, a União Europeia entendeu que era preciso cortar esta dependência.

O carvão russo foi rapidamente proibido, o fornecimento de petróleo foi gradualmente eliminado e o gás foi substituído pelo produto que chega via gasoduto norueguês ou transportado por navios-tanques dos EUA, Catar, Nigéria e Argélia.

Hoje, o bloco importa apenas 12% de gás russo, mas os preços da energia na Europa dispararam e estão quatro vezes mais caros do que há um ano.

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