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Lula encerra agenda em Nova York com debates sobre democracia, clima e acertos finais para a COP30

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, nesta quarta-feira (24), de debates sobre democracia e mudanças climáticas no último dia de sua agenda em Nova York. Além de defender a preservação das florestas tropicais, ele aproveita para alinhar os últimos detalhes da preparação para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém do Pará.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na Assembleia Geral da ONU, na sede das Nações Unidas, em Nova York, em 23 de setembro de 2025.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na Assembleia Geral da ONU, na sede das Nações Unidas, em Nova York, em 23 de setembro de 2025. AFP - BRENDAN SMIALOWSKI
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Por Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Lula participa hoje da segunda edição do evento Democracia Sempre, realizado paralelamente à Assembleia Geral da ONU. O encontro é liderado por Brasil, Espanha, Chile, Colômbia e Uruguai, e neste ano decidiu excluir os Estados Unidos da lista de cerca de 30 países convidados. O presidente norte-americano, Donald Trump, não foi chamado. A justificativa é que apenas governos considerados democráticos participam da reunião.

No caso americano, os organizadores apontam uma guinada extremista no governo Trump, marcada pela perseguição a imigrantes, ataques à liberdade de expressão e desmonte de instituições.

Na primeira edição, em 2024, quando Joe Biden ainda estava no poder, os Estados Unidos participaram do encontro. Na ocasião, a declaração final destacou que a polarização, o extremismo e a desinformação corroem o tecido social e alimentam a instabilidade.

Neste ano, a lista de presentes inclui Canadá, México, Quênia e Senegal, além do secretário-geral da ONU, António Guterres, e representantes da União Europeia. Os debates devem girar em torno da defesa da democracia, do combate à desigualdade e à desinformação.

Preparativos para a COP30

O Brasil lidera a organização de uma reunião paralela dedicada às metas climáticas, com o objetivo de pressionar os países a apresentarem suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

Segundo o assessor da ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, até setembro de 2025, cerca de 48 países já entregaram suas metas à Convenção do Clima da ONU — um avanço em relação aos 29 que haviam feito isso no início do ano. No entanto, o número ainda representa menos da metade dos 198 signatários, que tinham até fevereiro para apresentar novos compromissos. A China deve ser a próxima a anunciar seus objetivos.

A ONU avalia que esse encontro pode se transformar em uma “força política importante” para acelerar o processo, estimulando líderes a formalizar suas NDCs ou, ao menos, a anunciar os principais objetivos antes da COP30.

Brasil anuncia investimento de US$ 1 bilhão na preservação das florestas

O presidente Lula apresentou a líderes ambientais de diversos países o Fundo para Florestas Tropicais (TFFF), um mecanismo financeiro inédito que visa remunerar países tropicais pela conservação de suas florestas.

Lula anunciou que o Brasil será o primeiro país a se comprometer com o fundo, com um aporte inicial de US$ 1 bilhão. Ele pediu que os parceiros internacionais façam contribuições igualmente ambiciosas, para que o TFFF entre em operação já na COP30.

O TFFF pretende mobilizar US$ 125 bilhões de governos e investidores privados para frear o desmatamento global. O fundo funcionará com pagamentos de US$ 4 por hectare de floresta bem preservada.

Os recursos arrecadados serão aplicados em títulos soberanos ou corporativos, com expectativa de gerar um retorno anual de US$ 4 bilhões. Esse montante será então distribuído a mais de 70 países tropicais, criando um incentivo financeiro permanente para a conservação.

Segundo o presidente, “o TFFF não é caridade, mas um investimento na humanidade e no planeta, contra a ameaça de devastação pelo caos climático”. A proposta, reforçou Lula, é proteger não apenas biomas específicos, mas a própria vida na Terra.

Acordo climático entre Brasil e Califórnia

O governo brasileiro e o estado da Califórnia assinaram um memorando de entendimento para ampliar a cooperação em áreas como mercados de carbono, transporte de baixa emissão, energia limpa, economia circular e combate a incêndios florestais.

A parceria foi firmada em Nova York, durante reunião entre a ministra Marina Silva e o governador californiano, Gavin Newsom. O acordo prevê intercâmbio de experiências e desenvolvimento conjunto de soluções que ajudem Brasil e Califórnia a alcançar suas metas de neutralidade climática: 2050 para o Brasil e 2045 para a Califórnia.

Banco do Brasil anuncia investimento no setor ambiental

Durante a Semana do Clima, o Banco do Brasil confirmou a conclusão de uma captação internacional de US$ 100 milhões para o Programa Eco Invest Brasil, iniciativa do governo federal voltada a projetos de transição ecológica e investimentos verdes.

A operação, chamada Eco Invest Green Repo, foi realizada em parceria com o banco francês Crédit Agricole CIB e tem prazo de dois anos. Os recursos serão destinados ao refinanciamento de operações de crédito ligadas a projetos sustentáveis no país — desde energias renováveis até práticas agrícolas de baixo carbono.

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