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União Europeia quer reduzir 10% do desperdício de alimentos até 2030

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Milhões de toneladas de alimentos ainda apropriados para o consumo são desperdiçados diariamente no mundo. Este fenômeno ocorre tanto em países ricos, quanto em países em desenvolvimento, que convivem com altos índices de fome. A União Europeia quer combater esta perda e pretende reduzí-la em pelo menos 10% até 2030. Mas de que maneira?

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Além de agravar o problema da fome, o desperdício alimentar piora a situação da poluição e do aquecimento global.
Além de agravar o problema da fome, o desperdício alimentar piora a situação da poluição e do aquecimento global. AFP - ERIC PIERMONT
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

A intenção da União Europeia é de diminuir o desperdício de alimentos ao longo da cadeia de abastecimento alimentar e nas residências. O bloco europeu quer que seus 27 países reduzam a perda de alimentos em 10% no processamento e na fabricação até 2030. Restaurantes, serviços de alimentação e residências – que juntos representam a eliminação de cerca de 10% dos alimentos – devem reduzir o desperdício em 30% até a próxima década.

De acordo com a Eurostat, a agência de estatística da UE – as famílias são a maior fonte de desperdício alimentar no bloco, representando cerca de 53% do total. Quase 60 milhões de toneladas de alimentos – cerca de 131 quilos/habitante – são jogados fora a cada ano pelos países do grupo, o que representa uma perda econômica de € 132 bilhões.

Além disso, há um grande consumo de energia, água, terras e combustível para produzir alimentos, que, em sua maioria, serão descartados, fazendo com que o impacto ambiental seja enorme.

O pacote de propostas legislativas recém-lançado pela Comissão Europeia sobre desperdício de alimentos, biodiversidade e economia circular, no entanto, não foi bem recebido por ambientalistas e eurodeputados verdes, que pediram ao executivo do bloco maior ambição,  expressaram “decepção” com o escopo restrito de algumas regras revisadas.

Poluição e aquecimento global

Além de agravar o problema da fome, o desperdício alimentar piora também a questão da poluição e do aquecimento global. Os processos para a produção desses alimentos desperdiçados correspondem a 8% das emissões de gases causadores do efeito estufa no mundo.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que até 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas atualmente no planeta. Isso corresponde a 1/3 de tudo o que é produzido. A nível europeu, o desperdício alimentar é responsável por 252 milhões de toneladas de CO2 ou cerca de 16% das emissões de gases do efeito estufa no bloco.

Se o desperdício alimentar fosse um Estado-membro da UE, este seria o quinto maior emissor de gases do efeito estufa. No bloco europeu, Alemanha, França e Itália têm as maiores taxas de perda de alimentos.

“Desperdiçar comida nesta escala, enquanto mais de 30 milhões de europeus não podem pagar uma refeição adequada a cada dois dias, e enquanto a fome está aumentando novamente no mundo, é simplesmente inaceitável”, afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans.

ONU quer reduzir desperdício de alimentos em 50% até 2030

Apesar de ser a primeira resposta de Bruxelas nesta área, especialistas temem que as metas estabelecidas nas propostas da Comissão Europeia não sejam suficientes para alcançar níveis sustentáveis de desperdício de alimentos.

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12.3 das Nações Unidas, que faz parte da agenda mundial para a construção e implementação de políticas públicas para guiar a humanidade até a próxima década - se comprometeu em “até 2030, reduzir pela metade o desperdício global per capita de alimentos no varejo e a nível do consumidor, além de reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheitas”.

A proposta da Comissão, no entanto, estabelece uma ambição menor, de até um terço. Uma fonte em Bruxelas afirma que é provável que em 2027 haja uma revisão, para que as metas sejam atualizadas para atingir os 50% em 2030.

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