Entenda por que os países nórdicos rejeitaram a extrema direita nas eleições europeias
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Dinamarca, Finlândia e Suécia tem pouco mais de 20 milhões de habitantes no total, e elegeram nas eleições do último domingo em sua maioria eurodeputados de partidos considerados de esquerda, indo na contramão do crescimento da extrema-direita no bloco europeu.

Fernanda Melo Larsen correspondente da RFI na Dinamarca
De acordo com o Instituto de Pesquisas Independente Think Tank Europa, com sede em Copenhague, o resultado das eleições para o Parlamento Europeu nos países Nórdicos foi uma surpresa.
A Dinamarca, a Finlândia e a Suécia têm no total 51 assentos, e elegeram em sua maioria os partidos de centro esquerda, que tem como pautas a preocupação com as mudanças climáticas, a segurança e a diminuição de dependência da União Europeia ao gás que vem da Rússia.
Segundo a analista chefe do Instituto Think Tank Europa, Christine Nissen, os países nórdicos, especialmente a Dinamarca, já adotaram, no passado, medidas mais restritivas sobre imigração, tema que hoje é discutido pelos outros membros do bloco.
“A invasão da Rússia à Ucrânia em 2022, fez crescer o interesse da população nórdica em relação aos assuntos ligados com segurança nas fronteiras da Suécia e Finlândia com a Rússia, e a criação de energias alternativas para diminuir a importação de gás da Rússia pela Dinamarca, por exemplo”, disse Christine Nissen.
Dinamarca
Na Dinamarca, o Partido Social-Democrata, da primeira-ministra Mette Frederiksen, teve seu pior desempenho em 120 anos de existência, com apenas 15% dos votos, elegendo três dos 15 assentos que o país tem direito na sede do Parlamento Europeu em Bruxelas, na Bélgica.
O resultado se deve à insatisfação dos dinamarqueses com a abolição do feriado do Dia da Oração, que fazia parte do calendário do país escandinavo desde 1686.
Por outro lado, o Partido Popular Socialista, que elegeu três eurodeputados, teve um aumento de 17% no número de votos, ficando à frente da legenda de Mette Frederiksen. De acordo com a presidente do partido, Pia Olsen Dyhr, a Dinamarca prefere focar nas mudanças climáticas que têm causado catástrofes no mundo.
“Os dinamarqueses dão prioridade ao clima, ao meio ambiente, à biodiversidade, ao nosso bem-estar em comum", afirmou Pia Olsen Dyhr, presidente o partido Popular Socialista

Suécia
Na Suécia, o partido anti-imigração Democratas Suecos, que tinha a expectativa de se consolidar como a segunda maior força política do país, teve apenas 13,2% dos votos, ficando apenas com três dos 21 assentos destinados à Suécia no Parlamento Europeu. Isso representa uma queda de 2,1 pontos em comparação com as eleições de 2019.
Já o Partido Verde emergiu como a terceira maior força política da Suécia, conquistando 13,8% dos votos, um aumento de 2,3 pontos percentuais em relação à última eleição europeia. O Partido de Esquerda também teve crescimento expressivo, subindo 4,2 pontos percentuais e alcançando 11% dos votos.

“As eleições na União Europeia são difíceis para o nosso partido, sabemos disso. Há muitos dos nossos potenciais eleitores que não acham que vale a pena ir votar nestas eleições. Infelizmente”, escreveu Jimmie Åkesson presidente do partido Democratas Suecos nas redes sociais após o resultado das eleições.
Finlândia
A Finlândia tem 15 assentos no Parlamento Europeu em Bruxelas e elegeu um número recorde de mulheres com menos de 40 anos, a maioria delas de partidos de esquerda.
Um exemplo disso é Li Andersson, de 37 anos, presidente do Partido Aliança de Esquerda, que recebeu quase 250 mil votos, um recorde levando-se em conta a votação nos políticos finlandeses nas eleições europeias. Para a Johanna Vuorelma, especialista em política pela Universidade de Helsinque, o nome de Li Andersson mostra a sua importância na coalizão de esquerda.
“Em primeiro lugar, Li Andersson é uma política muito popular há anos. Isto tem sido observado em pesquisas de apoio, que medem os líderes partidários. A parlamentar endossa a preocupação dos finlandeses com assuntos ligados aos direitos humanos e a igualdade”, afirma Johanna Vuorelma.
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