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Na Colômbia, Lula pede apoio a fundo de florestas e discute ação conjunta contra narcotráfico

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta sexta-feira (22), em Bogotá, da 5ª Cúpula de Presidentes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Lula busca apoio e consenso entre os oito países do grupo para posições sobre a COP30 e políticas de proteção do bioma amazônico. O governo brasileiro pretende que um dos principais resultados da convenção em Belém seja o anúncio de contribuições bilionárias ao Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, o TFFF.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Bogotá na noite de quinta-feira, 21 de agosto de 2025.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Bogotá na noite de quinta-feira, 21 de agosto de 2025. Foto: Ricardo Stuckert / PR
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Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio de Janeiro

Além das questões climáticas e da COP30, os líderes sul-americanos devem discutir temas de conjuntura em encontros bilaterais, como os barcos americanos que estão se dirigindo ao Caribe. O governo brasileiro avalia que, pela abrangência do fórum, ele é oportuno para transmitir mensagens relevantes no contexto atual.

O principal recado está relacionado à agenda surgida na cúpula anterior, que trata da necessidade de se "tomarem as rédeas” do combate aos ilícitos transnacionais na região, sendo o narcotráfico o principal deles. Seria um recado claro para o presidente americano, Donald Trump, que vem usando o tema como desculpa para deslocar efetivos militares para a região. O assunto é motivo de preocupação no Palácio do Planalto e foi abordado nas conversas de Lula com o presidente do Equador, Daniel Noboa, esta semana em Brasília.

Durante a quarta reunião de chanceleres da OTCA, que ocorreu na quinta-feira na capital colombiana, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, destacou que o combate ao narcotráfico é tema fundamental para o desenvolvimento e a segurança dos países da região, que precisam atuar juntos para enfrentá-lo. Ele também mencionou os crimes ambientais – que já são a terceira maior fonte de recursos para o crime no mundo – como uma responsabilidade que deve ser compartilhada por todos os países, não apenas na Bacia Amazônica.

O Brasil, segundo o ministro, defende a adoção de um marco legal vinculante dedicado ao combate a crimes ambientais no âmbito da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado. Vieira ainda pediu o apoio dos países amazônicos para mobilizar potenciais países investidores a anunciarem aportes e contribuições ambiciosas, de modo a garantir a capitalização e a operacionalização do TFFF nos próximos meses. Lula fará o mesmo nesta sexta.

O fundo precisa de US$ 25 bilhões para alavancar outros US$ 100 bilhões e tornar-se um dos mais modernos mecanismos de proteção a florestas do mundo. Além de sua função óbvia, o fundo deverá remunerar com percentuais de mercado os investidores.

Nesta imagem divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, o presidente Lula é recebido pela chanceler colombiana, Rosa Yolanda Villavicencio, na base do Comando Aéreo de Transporte Militar, localizada numa ala do Aeroporto Internacional El Dorado, em Bogotá, em 21 de agosto de 2025.
Nesta imagem divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, o presidente Lula é recebido pela chanceler colombiana, Rosa Yolanda Villavicencio, na base do Comando Aéreo de Transporte Militar, localizada numa ala do Aeroporto Internacional El Dorado, em Bogotá, em 21 de agosto de 2025. AFP - HANDOUT

Declaração de Bogotá

Lula desembarcou em Bogotá na noite de quinta-feira. A cúpula da OTCA começa às 9h (horário local), quando as autoridades do grupo se encontram com representantes da sociedade civil. A partir de 11h30, na Casa de Nariño, sede e residência do presidente colombiano, Gustavo Petro, acontece a reunião privada dos oito países amazônicos, que será seguida de almoço e da adoção do principal resultado da iniciativa colombiana para o encontro, que é a Declaração de Bogotá.

Há previsão de uma bilateral de Lula com Petro, em horário a confirmar. Esta é a terceira viagem de Lula à Colômbia. As anteriores foram a Letícia (em junho de 2023) e Bogotá, em visita de Estado, em abril de 2024, quando os dois países elevaram o status da relação bilateral a parceira estratégica.

Desde então, foi negociado, e está para ser adotado em reunião de chanceleres em Brasília, um plano de ação para essa parceria estratégica que coloca linhas de ação mais ambiciosas para o relacionamento bilateral. O encontro será marcado depois desta visita à capital colombiana.

Além de Lula e Petro, a vice-presidente do Equador, Verónica Abad, participa da cúpula da OTCA. Os demais países enviam chanceleres e autoridades de alto escalão. A avaliação é que o não comparecimento de alguns líderes dos países do grupo não prejudica a força dos documentos a serem divulgados, já que tiveram a chancela prévia dos oito governos e só serão adotados neste encontro.

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