Com tarifas dos EUA, Brasil acelera diversificação e pode reforçar posição no comércio global
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O aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros reacendeu um debate que já vinha ganhando espaço no comércio exterior do país: a necessidade de diversificar mercados. A medida, que encarece significativamente a entrada de bens brasileiros no mercado americano, força produtores e exportadores a buscarem novos destinos para manter o fluxo de vendas e proteger suas margens.
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Thiago de Aragão, analista político
Entre as alternativas mais promissoras estão os países árabes, que vêm ampliando o interesse pelo agronegócio brasileiro como forma de substituir parte das importações provenientes dos EUA. O potencial desse mercado é expressivo, tanto pela demanda por proteína animal e grãos quanto pela disposição em firmar contratos de longo prazo.
A China continua sendo um pilar central da pauta exportadora do Brasil. Já consolidado como principal comprador de commodities brasileiras, o país asiático tem ampliado sua presença especialmente nos segmentos de carne, soja e açúcar.
A relação comercial com Pequim, fortalecida por anos de trocas consistentes, ganha ainda mais relevância em um cenário de disputas comerciais globais, no qual o Brasil se apresenta como um fornecedor confiável e competitivo.
Acordo UE-Mercosul
No horizonte próximo, a União Europeia desponta como outra possibilidade estratégica. O acordo Mercosul-UE, se ratificado, trará reduções significativas de tarifas sobre produtos agrícolas como carnes, sucos e café, abrindo espaço para maior penetração no mercado europeu. Para o setor agroindustrial brasileiro, isso significaria acesso facilitado a um público de alto poder aquisitivo e exigente em qualidade.
O Japão também começa a entrar no radar com mais força. Negociações recentes indicam uma abertura gradual para a carne brasileira, inicialmente restrita a alguns estados, mas com possibilidade de ampliação. Trata-se de um mercado de alto valor agregado e com potencial de crescimento à medida que barreiras sanitárias e logísticas forem superadas.
Mesmo com o peso das tarifas, o mercado americano não desaparece do mapa. Pelo contrário, ainda abriga oportunidades específicas. O Brasil registrou exportações recordes de carne fresca para os Estados Unidos recentemente, demonstrando que, com planejamento e ações pontuais, é possível manter uma participação relevante mesmo diante de custos mais altos.
A combinação desses movimentos revela um Brasil mais atento à necessidade de construir uma rede de compradores diversificada. A crise tarifária nos Estados Unidos, em vez de representar apenas um obstáculo, pode se tornar um catalisador para que o país consolide sua presença em diferentes regiões, equilibre riscos e fortaleça sua posição no comércio global.
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