Amazônia de Pedro Cesarino em “Rio Acima” ganha versão francesa
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Depois de ter conquistado o público no Brasil, o livro “Rio Acima”, de Pedro Cesarino, ganha versão em francês pela editora Payot et Rivages com o título “L'attrapeur d'oiseaux”. O autor, um antropólogo e professor universitário que se aventura na literatura de ficção, conta a história de uma expedição na Amazônia e a relação do homem branco com os indígenas.
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Publicado em português em 2016, “Rio Acima” acompanha a expedição de um antropólogo que sai do Sudeste para estudar os povos indígenas da Amazônia. O personagem, claramente inspirado no trabalho acadêmico de Cesarino, cujos principais temas de pesquisa são justamente as tradições orais dos povos autóctones, conhece bem o terreno. No entanto, mesmo se fala a língua dos locais, ele ainda busca desvendar o mito do “apanhador de pássaros”, referência que instiga qualquer antropólogo desde “O cru e o cozido”, primeiro volume da série “Mitológicas”, de Claude Lévi-Strauss.
Em “Rio Acima”, o mito serve de pano de fundo para abordar a imensidão da Amazônia e a complexidade desse Brasil que o próprio Brasil não conhece, e que parece mais fácil de entender por meio da literatura. “A ficção se complementa em uma direção distinta do trabalho acadêmico, antropológico e científico. Ela consegue investigar problemas que de alguma maneira a gente não consegue investigar na linguagem científica”, explica Cesarino. “Eu tratei de explorar as questões relativas à amizade, ao papel do estrangeiro e a percepção que o indígena tem do estrangeiro”.
Sem ser panfletário, o livro também tem um aspecto político constante. O personagem relata a violência que cerca os povos indígenas em regiões do país onde a justiça nem sempre chega, mostra a relação entre os políticos e os povos autóctones, ou ainda a presença dos missionários, que insistem em catequizar as populações locais.
A questão ambiental também é presente nas entrelinhas. Mas Cesarino diz que se o livro fosse escrito hoje, o tema certamente teria mais espaço. “Provavelmente a proposta do livro reagiria muito mais à depredação sistemática que está acontecendo na Amazônia como política de Estado. Com uma negligência sistemática por parte do Estado brasileiro”, avalia o autor. “Não é propriamente uma novidade, e sim a aceleração de um processo que sempre existiu no Brasil, mas que agora adquire dimensões ainda mais graves, pois isso se soma ao problema geral das mudanças climáticas e do aquecimento global. Então qualquer olhar sobre a Amazônia hoje deve partir da perspectiva de uma emergência que coloca em risco o nosso próprio futuro”.
Ouça a entrevista completa clicando acima.
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