França: artista visual Viviane Fuentes convoca avatares e quimeras contemporâneas em exposição solo
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"A Gioconda deve estar entediada de passar uma vida inteira dentro do Louvre", argumenta a artista brasileira Viviane Fuentes, que estreou no dia 29 de novembro, na região parisiense, a exposição individual "Mona Lisa et les bananes", com 25 telas em técnica acrílica e uma série de avatares da cultura pop contemporânea. Ao longo da mostra, Fuentes transfigura a clássica figura de Da Vinci em uma série de avatares, misturando-a a "Quimeras Pops" de grandes personagens da cena contemporânea, como Mick Jagger e Basquiat.
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"O objetivo era fazer a Monalisa viajar um pouquinho. Então veio essa ideia de colocar um avatar indígena nela e fazer ela viajar, encontrar a Frida Kahlo no México e ela vai até o Brasil para conhecer as bananeiras, os bananais e lá chegando, fica enlouquecida com as cores, com o tropicalismo, com tudo que ela vê ela", explica Viviane Fuentes.
"No Brasil, ela metamorfoseia em duas, ela vira uma Mona Lisa branca e uma Mona Lisa negra, que é a Santa Mona das Bananas, onde ela é canonizada. E, claro, a gente vai ver as bananas barrocas e também as Quimeras Pop, que são ícones dos anos 80 músicos, cantores pop, Madonna, Mick Jagger, David Bowie, Basquiat, todo mundo junto nessa festa, que, na verdade, é uma exposição", conta Fuentes.
As "quimeras" são imagens que evocam um certo imaginário ao redor do artista retratado. "Na verdade, o Mick Jagger não é apenas o Mick Jagger, ele é um ser borbulhante, um pouco andrógino. No quadro a Madonna é Medusa", conta a artista. "Eu gostaria de fazer uma leitura que não fosse o retrato da Madonna, mas uma leitura minha daquilo que eu penso que ela pode ser, que não é exatamente o que ela é ou que a gente leu, ou o que a gente sabe sobre ela. Eu queria deixar as asas soltas para a imaginação ir lá. Por exemplo, no caso da Madonna, foi a Medusa. Ela tem madeixas loiras com bocas, que são as serpentes. Ela está dentro de uma igreja. Ela tem uma ogiva da igreja gótica como estrutura dela e aí lá tem uma série de símbolos de cada quimera", explica.
Icônica banana, de Velvet Underground a Joséphine Baker
"A banana é uma brincadeira, é uma diversão, uma delícia. Mas o que me interessa são as pessoas, sobretudo todos esses retratos de personalidades que foram extremamente importantes na minha vida. A gente está falando dos anos 1980, né? Eu era bem jovem, então isso dá uma certa liberdade para mim. É uma forma de eu cortejar o Mick Jagger, se quiser. Eu trago ele para dentro de casa, para dentro do meu ateliê e eu posso inventar uma bela de uma história", argumenta.

Acrílico sobre tela
"Eu trabalho com acrílico sobre tela atualmente. Comecei com ilustração no papel, mas agora é acrílico sobre tela", resume Viviane Fuentes. "Eu trabalho também com ferramentas de mangá e do street art, que nada mais são que marcadores a base de álcool e a base de água. E eu trabalho sobre uma tela que não é a tela de algodão normal que a gente trabalha, o óleo acrílico", revela a artista.
"Então eu comecei no papel na minha primeira exposição. Quando eu passei para a tela, eu vi que eu tinha várias possibilidades de brincar com isso. E eu me senti à vontade e fui realizando aquilo que eu queria, que era misturar essas cores e fazer degradês que normalmente ficavam muito chapados", conta. "E aí fui desenvolvendo essa técnica. As minhas obras estão diretamente ligadas com o barroco, porque eu quero misturar o contemporâneo e o barroco, que são essas molduras barrocas Luís 14, por exemplo", diz Fuentes.
A exposição "Mona Lisa e as bananas" fica em cartaz do dia 29 de novembro ao 3 de dezembro, no Séchoir à Peaux, Promenade des Petits Ponts, no vale de la Chevreuse, na região parisiense.
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