Multi-instrumentista e compositora mineira é um dos destaques do Festival de Choro de Paris
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Raíssa Anastasia, flautista e compositora mineira, é uma das atrações do Festival de Choro de Paris, que acontece entre os dias 04 e 06 de abril. Conhecida por sua versatilidade musical e seu trabalho de pesquisa sobre mulheres compositoras, Raíssa se destaca não apenas como instrumentista, mas também como uma verdadeira “embaixadora do choro brasileiro”.
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Raíssa Anastasia escolheu um repertório totalmente dedicado às mulheres compositoras para sua primeira apresentação na França, na 21ª edição do Festival de Choro de Paris. "Eu estou com um repertório só de mulheres compositoras de choro, que faz parte de uma pesquisa que eu venho desenvolvendo há um tempo. É importante promover esse repertório para que as pessoas conheçam e toquem mais músicas criadas por mulheres", afirmou na entrevista à RFI.
A pesquisa desenvolvida como acadêmica na Universidade Estadual de Minas Gerais surgiu da constatação de que as referências musicais do choro eram predominantemente de homens. “Conhecia Chiquinha Gonzaga, Luciana Rabello e, espera aí, só tem essas duas? Não, não é possível. Eu não sabia nomear outras mulheres e isso me deixou muito intrigada”, contou.
Durante sua investigação, a multi-instrumentista identificou mais de 100 composições de choro feita por mulheres, no Brasil e no exterior. Estimulada por um professor de música, ela participou de um curso voltado para estimular compositoras de choro e passou a criar seu próprio repertório. “Hoje, já tenho uns 30 choros”, comenta.
Raíssa também é diretora musical do grupo “Abra Roda Mulheres no Choro”, formado exclusivamente por mulheres em Belo Horizonte, para cobrir uma lacuna na cena musical da cidade. “Há uma ausência de mulheres na roda de choro, quando aparecia, era geralmente só solista. Então, há uma ausência de mulheres tocando violão, ausência de mulheres tocando cavaquinho, muito poucas tocando pandeiro. A tentativa é de unir essas forças para construir um trabalho de fortalecimento mesmo entre nós”, afirma. O trabalho do grupo também visa valorizar as criações de compositoras. “Esse trabalho é essencial para dar mais visibilidade às mulheres na música instrumental”, argumenta.
Projetos e disco
Além de seu trabalho com o grupo, Raíssa tem dois projetos próprios: "Raíssa Anastasia e Regional", focado em composições de choro, e "Raíssa Anastasia Quarteto", que explora uma linguagem mais livre da música brasileira. "Sempre fui coadjuvante em projetos de outros músicos, mas tomei coragem para criar meus próprios trabalhos. Quero ser livre para transitar entre diferentes estilos musicais", disse Raíssa. “Sempre me incomodou quererem me inserir numa caixinha. Eu quero poder ser livre para hoje tocar forró, amanhã jazz ou música de meditação, eu quero poder estar livre”, diz.
Raíssa Anastasia se prepara para lançar ainda este ano seu primeiro álbum, "Nascimento", com 12 faixas autorais, e planeja uma turnê pela Europa no próximo ano. "Quero mostrar o papel da mulher instrumentista na música brasileira e inspirar futuras gerações", concluiu.
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