A Semana na Imprensa

Trump e a Europa: entre o fascínio populista e o temor do isolamento militar

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As revistas francesas desta semana destacam novamente o governo do presidente norte-americano Donald Trump e as reações de políticos e da sociedade europeia às suas ações. Enquanto líderes da extrema direita adotam a mesma retórica conservadora, cresce a preocupação com a capacidade de defesa do continente. Estaria a Europa preparada para garantir sua própria segurança sem o respaldo dos Estados Unidos?

Para revista francesa, trumpismo virou uma espécie de franquia que está sendo adotada por políticos europeus.
Para revista francesa, trumpismo virou uma espécie de franquia que está sendo adotada por políticos europeus. © Jacquelyn Martin / АР
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Com o título “Trumpismo, uma franquia que galvaniza os europopulistas”, a revista L’Express destaca como a eleição de Trump inspirou políticos europeus. Na Romênia, George Simion, segundo colocado na eleição presidencial, se autodenomina o “Trump romeno” e apresentou um programa político muito semelhante ao do movimento “Make America Great Again”. Segundo a revista, caso tivesse vencido, ele se alinharia a líderes como o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o dirigente eslovaco Robert Fico.

Ainda segundo a L’Express, esses nomes tendem a se multiplicar, como indicam as recentes campanhas eleitorais, com o crescimento alarmante da extrema direita em todo o continente — em contraste com países como Canadá e Austrália, onde candidatos trumpistas têm fracassado.

O semanário aponta que discursos nacionalistas simplistas, retórica inflamadamente antissistema e anti-elite, estigmatização da imigração e até promessas de “purificação da população” — como as feitas por André Ventura, líder do partido Chega, em Portugal — evidenciam que o trumpismo se tornou uma franquia em expansão na Europa.

Insegurança diante da Rússia

Por outro lado, a revista Le Point ressalta a crescente preocupação dos países europeus com a defesa do continente diante da ameaça russa, com destaque para a Polônia, que se tornou o principal ponto de entrada de equipamentos militares enviados pelos Estados Unidos à Ucrânia.

Inicialmente vista como protagonista no apoio europeu a Kiev, a Polônia passou a ser também um alvo potencial e agora depende da Otan — especialmente dos Estados Unidos — para conter possíveis retaliações. O país tem investido fortemente em sua defesa, elevando os gastos militares de 2,7% para quase 5% do PIB em apenas cinco anos.

Embora mais de 100 mil soldados norte-americanos estejam estacionados na Europa — 14 mil deles na Polônia —, não há garantias de permanência. Em visita a Varsóvia, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, alertou: “Nossos aliados europeus não devem presumir que as tropas americanas permanecerão aqui indefinidamente”.

Diante desse cenário de incertezas, a Europa busca preservar os canais de diálogo com alas mais moderadas do governo Trump, na tentativa de garantir alguma estabilidade estratégica.

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