Elite militar cresce na Ucrânia, mas Kiev enfrenta falta de armamentos e ainda depende dos EUA
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As revistas francesas seguem comentando, nesta semana, a guerra na Ucrânia. A L’Express publicou uma reportagem sobre a evolução da espionagem ucraniana. Com o título "Os serviços secretos de Kiev, nova pedra no sapato dos russos", o semanário destacou como o país de Zelensky tem atacado para se defender de Vladimir Putin.

A publicação lembrou a operação “Teia de Aranha”, quando 117 drones foram usados em ataques sem precedentes no território russo. Um ano, seis meses e nove dias teriam sido necessários para preparar esta ação, que foi trabalhada em completo sigilo. Como resultado, quatro aeródromos russos foram bombardeados, com dezenas de aviões estratégicos destruídos. Em tom elogioso, a revista afirma que pouquíssimos serviços no mundo são capazes de operar ações de tal porte.
De acordo com a L’Express, outro personagem que tem causado dor de cabeça nos russos é o chefe do serviço de inteligência militar ucraniano (HUR), Kyrylo Boudanov, famoso por suas operações arriscadas e por sua expressão enigmática. No fim de maio, a imprensa ucraniana afirmou que seu serviço foi responsável pelas explosões ocorridas no dia 30 daquele mês na base naval de Vladivostok, a quase 7 mil quilômetros da linha de frente. Menos de um mês antes, o HUR reivindicou a destruição de dois caças SU-30 no Mar Negro, graças a mísseis disparados por drones marítimos, um feito inédito no mundo.
O HUR anunciava sua posição desde 2016, adotando como emblema uma coruja apontando uma espada sobre a Rússia. A escolha do animal noturno não foi por acaso: ele é um dos predadores do morcego, símbolo das forças especiais do serviço de inteligência militar russo.
Ajuda americana
Já a revista Le Nouvel Obs aborda o tema, mas com outro viés, destacando a dependência da Ucrânia da ajuda de outros países, como os Estados Unidos. A publicação aponta que os “caprichos” de Donald Trump levaram os EUA a anunciarem que, por conta do ataque ao Irã, não poderiam mais disponibilizar armas para Kiev, como se as operações militares do país tivessem ficado desfalcadas.
A desculpa foi obviamente criticada por especialistas e, diante de um Vladimir Putin inflexível, o presidente norte-americano teve de voltar atrás. Ele anunciou, em 7 de julho, que a Ucrânia precisa ser capaz de se defender. Com isso, afirmou que seu país vai enviar mais armas de apoio a Kiev.
A revista destaca ainda que antes do início de seu segundo mandato na Casa Branca, Donald Trump repetia que negociaria o fim da invasão russa na Ucrânia em 24 horas. Mas Cúpula da Otan, ele declarou aos jornalistas que isso deveria ser visto como uma piada.
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