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Segundo turno de eleições municipais tem briga de clã em Recife e disputa acirrada em algumas capitais

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No Recife, briga no clã Arraes macula relação histórica entre PT e PSB, na campanha pelo segundo turno das eleições municipais nesse domingo (29). Em São Paulo, Covas lidera, mas crescimento de Boulos empolga apoiadores. Justiça Eleitoral não deve encerrar os trabalhos após a apuração do segundo turno, já que inúmeras ações de corrupção eleitoral foram encaminhadas aos tribunais.

Ao menos quatro capitais chegam ao segundo turno com disputa apertada nesta reta final: Recife e Belém, onde os candidatos aparecem grudados nas intenções de voto, e Maceió e Vitória
Ao menos quatro capitais chegam ao segundo turno com disputa apertada nesta reta final: Recife e Belém, onde os candidatos aparecem grudados nas intenções de voto, e Maceió e Vitória TARSO SARRAF AFP
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Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília

Ao menos quatro capitais chegam ao segundo turno com disputa apertada nesta reta final: Recife e Belém, onde os candidatos aparecem grudados nas intenções de voto, e Maceió e Vitória, onde a diferença entre os adversários é de até cinco pontos percentuais. Além dessas, outras quatro capitais brasileiras têm pesquisas Datafolha ou Ibope que apontam menos de dez pontos entre os candidatos: São Paulo, Porto Alegre, Cuiabá e São Luís.

Na capital pernambucana a briga é entre dois primos e o acirramento da campanha deverá deixar feridas na esquerda. Marília Arraes, do PT, neta de Miguel Arraes, começou o segundo turno com certa vantagem, mas aparece agora colada em João Campos, do PSB, filho do ex-governador Eduardo Campos.

“Montaremos uma equipe de governo com ampla participação feminina e com critérios técnicos. No meu gabinete, como deputado, fiz seleção para contratar a equipe por respeito ao dinheiro público, com total transparência. Algo que Marília não pode dizer, já que é acusada de contratar funcionários fantasmas. O Brasil quer entender o que se passava lá”, afirmou João Campos, se referindo a um áudio divulgado, em que o deputado Túlio Gadelha fala sobre sugestão de “rachadinha” por parte da candidata do PT.

“A justiça já tirou do ar essa propaganda, essa mentira deles, essas agressões. E não vamos cair na deles, não. Vamos atrás de voto até domingo. Pesquisas apontavam que meu adversário teria mais de dez pontos de vantagem no primeiro turno e isso não aconteceu, por isso com seriedade e honestidade vamos buscar voto até o fim”, rebateu Marília Arraes.

Disputa sem vencedores

O diretor nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e analista do Portal Inteligência Política, Melillo Diniz, acha que é uma disputa sem vencedores: “Virou uma luta terrível do mesmo clã, sem nenhum vitorioso diante da destruição das relações históricas entre PT e PSB no estado”.

Ele também aponta mudança no campo da direita com o fortalecimento do DEM, de Rodrigo Maia, que levou três capitais no primeiro turno e deve consolidar agora o Rio de Janeiro, com Eduardo Paes, que tem ampla vantagem sobre Marcelo Crivella (Republicanos). “O DEM ganha maior destaque com as eleições municipais, bem como o PSOL na esquerda com Boulos, em São Paulo, que vem crescendo e pode surpreender na disputa com o tucano Bruno Covas”, diz.

“Teremos emoção até o fim também em Porto Alegre”, diz o cientista político, citando a briga entre Sebastião Melo (MDB) e Manuela D’Ávila (PCdoB). Diniz chama atenção ainda para a disputa em Fortaleza onde a corrida indireta por votos é entre Bolsonaro e Ciro Gomes, que apoiam, respectivamente, Capitão Wagner (PROS) e José Sarto (PDT). O pedetista aparece na frente das pesquisas.

Cabo eleitoral indesejável

O presidente Jair Bolsonaro, que se mostrou fraco cabo eleitoral no primeiro turno, foi aconselhado a manter um distanciamento maior na segunda etapa das eleições. Nos últimos dias ele chegou a gravar apoio a alguns candidatos de cidades médias e após, na transmissão ao vivo nessa quinta-feira pela internet, falou de política apenas no fim, quando disse que domingo estará no Rio e “o pessoal já sabe em quem vou votar, fiz campanha para o Crivella”.

A Justiça Eleitoral não encerra o trabalho findada a apuração do segundo turno, já que são inúmeras as ações encaminhadas aos tribunais fechadas as urnas. “Tenho a impressão de que vencemos algumas batalhas, mas que há muito a avançar ainda para acabar com a corrupção eleitoral, não apenas velhas práticas que persistem, mas também práticas novas, que foram crescendo com apoio da tecnologia e com a criação de enormes máquinas empresariais de conquista de votos”, analisa o diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.

Além de 18 capitais, outras 39 cidades brasileiras terão segundo turno neste domingo, com mais de 38 milhões de brasileiros aptos a votar.

 

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