Manifestações nos EUA lembram um ano da morte de George Floyd
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Terça-feira (25), completa-se um ano que o afro-americano George Floyd foi morto por um policial branco em Minneapolis, norte dos Estados Unidos. Derek Chauvin pressionou durante mais de nove minutos seu joelho contra o pescoço da vítima. O violento assassinato resultou em protestos de massa em todo o país, apelos por uma reforma na polícia, e teve também consequências políticas, seguido por um julgamento histórico. Para marcar a data, os americanos agendaram três dias de manifestações.

Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles
As manifestações em homenagem a George Floyd começaram no domingo (23) em várias cidades americanas e há muitos eventos agendados até terça-feira, quando se completa um ano da morte de Floyd. Familiares de outras vítimas da violência policial também estão participando das celebrações, que incluem discursos de ativistas e políticos, painéis virtuais, marchas pelas principais cidades do país e vigília na terça-feira.
Amanhã a família de George Floyd vai à Casa Branca para se reunir com o presidente americano, Joe Biden. O líder democrata se encontrou pela primeira vez com parentes do afro-americano em junho de 2020, quando viajou a Houston para oferecer condolências antes do funeral de Floyd.
Biden também conversou com membros da família em algumas outras ocasiões. No mês passado, ele falou com com o irmão de Floyd, depois que o júri condenou o ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin pelo assassinato.
Reforma da polícia
O presidente americano tinha o objetivo de adotar um projeto bipartidário de reforma da polícia até este 25 de maio. Os legisladores provavelmente perderão o prazo inicial determinado por Biden. Na sexta-feira (21), a secretária de imprensa Jen Psaki disse que a Casa Branca "confia nas negociações", mas não falou em data, dizendo apenas que gostaria que fosse resolvido "o mais rápido possível".
O projeto tem o objetivo de criar um registro nacional de má conduta policial, proibir a determinação de perfis raciais e religiosos pelas autoridades policiais e revisar a imunidade qualificada. As negociações entre republicanos e democratas na Câmara e no Senado estão em andamento. Mas não há previsão de votação até junho.
Consequências da morte de Floyd
O assassinato de Floyd despertou um forte movimento em prol da igualdade racial e contra o racismo estrutural, não só nos Estados Unidos mas em todo o mundo. As manifestações, que duraram meses, são consideradas maiores do que o movimento pelos direitos civis da década de 1960.
A brutal morte do afro-americano também teve consequências para as eleições presidenciais de 2020. Joe Biden foi na contramão de seu rival Donald Trump, que apoiou a polícia, apresentando-se como o candidato da “lei e da ordem” e culpando os “anti-fascistas” e as “turmas” esquerdistas pela violência que assolou as ruas do país.
Biden se comprometeu a desmantelar o “racismo sistêmico” caso viesse a ser eleito presidente e escolheu Kamala Harris, uma mulher negra, como sua vice-presidente. Após a posse, escolheu um homem negro, o general Lloyd Austin, para encabeçar o Pentágono, outra decisão histórica.
Outro fato inédito no país ocorreu durante o julgamento do ex-policial Derek Chauvin: o júri o considerou culpado de todas as acusações. Os Estados Unidos são conhecidos por historicamente não punir policiais.
No entanto, o debate sobre a reforma policial ainda é algo a ser resolvido. Em Minneapolis, por exemplo, 30% dos policiais renunciaram ou tentaram abandonar a profissão desde que a morte de Floyd lançou um forte holofote sobre as ações policiais. O resultado foi uma falta de pessoal que, segundo o prefeito e o chefe da polícia, complicou os esforços para responder ao aumento da violência que explodiu após o trágico incidente em Minneapolis.
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