Na era das fake news, União Europeia tenta salvar as urnas dos riscos da desinformação nas eleições
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Há apenas uma semana das eleições europeias, cresce o número de fake news cujos alvos são os políticos europeus e a própria União Europeia. Enquanto isso, as possíveis interferências estrangeiras no Parlamento Europeu com o intuito de enfraquecer o apoio da Europa à Ucrânia estão sob investigação. Outro tipo de interferência é o uso errado da Inteligência Artificial. Como esta nova tecnologia pode impactar as eleições europeias?

Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas
Combater as fake news com uma campanha pública para sensibilizar contra os riscos da desinformação é a aposta da Comissão Europeia. Desenvolvida em colaboração com um grupo de reguladores europeus dos serviços de mídias audiovisuais, Bruxelas pretende lançar o vídeo da campanha, a partir do dia 1º de junho, nos 27 países do bloco e nos 24 idiomas oficiais da União Europeia.
O vídeo fala sobre a importância em adotar uma atitude crítica ao que se lê online e alerta para a existência de deepfakes – imagens, vídeos e clips de áudios manipulados. Privilegiar as fontes de informação credíveis e desenvolver uma atitude criteriosa e atenta ao compartilhar informações são os outros conselhos da campanha.
Além do vídeo, será possível acessar explicações práticas no site da Comissão Europeia – dirigida principalmente para os jovens - sobre como se defender de narrativas falsas ou manipuladas que circulam em plataformas digitais como o Facebook, Instagram ou Tik Tok. Este material também será enviado para escolas, universidades, associações e organizações da sociedade civil em toda a União Europeia.
Impacto da inteligência artificial nas eleições
A verdade é que a desinformação gerada pela inteligência artificial se tornou um campo minado para os políticos. Recentemente a tentativa de assassinato do primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, deu origem a fotos adulteradas mostrando um falso agressor ligado à oposição no país.
Já na Polônia, o premiê Donald Tusk, foi acusado de atacar a noção de identidade polonesa em uma imagem publicada no Tik Tok. Tusk, um político que sempre defendeu a União Europeia e já foi presidente do Conselho Europeu, é um alvo crucial para as fake news neste período eleitoral. Há também ataques contra a União Europeia, quando são espalhadas postagens com falsas narrativas sobre políticas adotadas pelo bloco. As áreas onde mais se produz fake news são relativas à imigração, guerra na Ucrânia, o clima e, no passado, a Covid.
Em uma pesquisa realizada pela Ipsos, mais de 60% das pessoas entrevistadas acreditam que a inteligência artificial pode facilitar a criação de matérias e imagens de notícias falsas. Mas, segundo especialistas, a consciência do público sobre a tecnologia emergente não traduz o tamanho do estrago que ela pode provocar, principalmente nas urnas.
Código de conduta para limitar desinformação
Para aumentar a confiança na campanha eleitoral, a Comissão Europeia estabeleceu um código de conduta com regras para os partidos políticos, redes sociais e empresas de inteligência artificial. Os signatários deste documento, assinado no mês passado, se comprometeram a não produzir, utilizar ou divulgar conteúdos enganosos, incluindo os gerados por inteligência artificial. Os partidos políticos também devem identificar as entidades que os apoiam financeiramente. O grupo de extrema direita do Parlamento Europeu, Identidade e Democracia, se recusou a assinar o documento.
União Europeia suspeita de interferência da Rússia
As agências de inteligência europeias alertaram seus governos de que a Rússia está planejando atos de sabotagem em todo o continente, informou recentemente o jornal britânico Financial Times. O escândalo envolvendo eurodeputados da extrema direita por suposta corrupção russa antes das eleições para o Parlamento Europeu fez soar o alarme.
O primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, disse que investigadores descobriram que grupos russos estão interferindo nas eleições europeias para promover candidatos pro-Rússia e, assim, enfraquecer o apoio europeu à Ucrânia. A Justiça belga abriu a investigação depois que autoridades tchecas encontraram agentes pró-russos ativos em Bruxelas.
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