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Vaticano finaliza preparativos para o início do conclave

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No Vaticano, estão terminando os preparativos para o conclave que começa nesta quarta-feira (7). Os 133 cardeais que elegerão o próximo papa começam a se instalar, nesta terça-feira (6), na residência de Santa Marta e outras dependências do Vaticano, onde permanecerão isolados do mundo até a escolha do sucessor do papa Francisco.

O cardeal italiano Fernando Filoni (C) e o cardeal timorense Virgílio do Carmo da Silva (D) participam da missa do Oitavo Novemdiale, após o funeral do papa e antes do conclave, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 3 de maio de 2025. (Foto de Andreas SOLARO / AFP)
O cardeal italiano Fernando Filoni (C) e o cardeal timorense Virgílio do Carmo da Silva (D) participam da missa do Oitavo Novemdiale, após o funeral do papa e antes do conclave, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 3 de maio de 2025. (Foto de Andreas SOLARO / AFP) AFP - ANDREAS SOLARO
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Na segunda-feira (5), foram instaladas as cortinas vermelhas que ornamentam as janelas da varanda central da Basílica de São Pedro, onde o sucessor de Francisco irá aparecer após o anúncio em latim Habemus Papam. Já terminaram as adaptações dentro da Capela Sistina, onde ocorrerão as votações. Foram colocadas uma rampa e uma proteção do pavimento, coberta com carpete bege, além de longas mesas forradas com tecido vermelho drapeado na vertical, cobertas por toalhas bege, e cadeiras para acomodar os cardeais durante o conclave.

As duas estufas estão prontas para queimar as cédulas com substâncias químicas que provocarão a fumaça preta, indicando que o pontífice ainda não foi eleito, ou branca sinal da eleição de um novo papa. A famosa chaminé, conectada às duas estufas dentro da capela, que é o ponto de saída da aguardada fumaça, também foi instalada por bombeiros. 

As vestes papais estão prontas

As vestes papais foram cuidadosamente confeccionadas por Raniero Mancinelli, o alfaiate romano de 86 anos que vestiu os últimos três pontífices. São três tamanhos: uma M, uma G e uma GG. Mancinelli contou à emissora italiana Radio1 que “Em uma das três vestes fez uma marca diferente, digamos um ponto a mais, com a esperança de vê-lo na varanda central da Basílica de São Pedro”.

Logo após a eleição, o novo papa encontrará as três vestes na sacristia da Capela Sistina, conhecida como “a sala das lágrimas” porque muitas vezes é ali que o pontífice eleito cede à emoção por sua responsabilidade. Já vestido de branco, o novo pontífice voltará à Capela Sistina, onde será recebido com aplausos pelos cardeais, que um por um se aproximarão para lhe apresentar sua obediência. Depois, o primeiro cardeal dos diáconos (o Protodiácono), nesta ocasião o francês Domenique Mamberti, anunciará ao povo a escolha do novo pontífice. Ele o fará seguindo o ritual "Annuntio vobis gaudium magnum; habemus papam"

Esta foto, divulgada em 6 de maio de 2025 pela The Vatican Media, mostra as vestes do próximo Papa exibidas em três tamanhos diferentes na "Sala das Lágrimas", uma pequena sala ao lado da Capela Sistina, na véspera do conclave no Vaticano. (Foto de Vatican Media/AFP)
Esta foto, divulgada em 6 de maio de 2025 pela The Vatican Media, mostra as vestes do próximo Papa exibidas em três tamanhos diferentes na "Sala das Lágrimas", uma pequena sala ao lado da Capela Sistina, na véspera do conclave no Vaticano. (Foto de Vatican Media/AFP) AFP - HANDOUT

Hospedagem dos cardeais 

Dos 135 cardeais eleitores [só votam os que têm menos de 80 anos de idade] dois comunicaram que não poderiam comparecer ao conclave por motivos de saúde. Os 133 cardeais eleitores já chegaram ao Vaticano. A maioria se hospeda na Casa de Santa Marta. Trata-se de um edifício de 5 andares com 105 suítes e 26 quartos de solteiro construída em 1996, durante o pontificado de João Paulo II, para acomodar os cardeais durante o conclave e em outras ocasiões. Como nesta estrutura não havia lugar para todos os cardeais eleitores, alguns se hospedam em um edifício ao lado, a Casa de Santa Marta Vecchia. Os quartos dos cardeais eleitores foram sorteados, eles podem se acomodar nos quartos a partir de hoje até a amanhã de manhã.  

No segundo andar do pequeno edifício o apartamento n° 201, onde viveu o Papa Francisco, permanece lacrado. 

A palavra conclave deriva do latim “cum clave” que significa “com chave” determinando que os cardeais devem se reunir a portas trancadas para eleger o novo papa. Para que as informações sobre os escrutínios não vazem, a partir da quarta-feira, as 15h pela hora local, 10h pelo horário de Brasília, pouco mais de uma hora antes de começar o conclave na Cidade do Vaticano, sinais de telefone, de internet e outros serão bloqueados. A interrupção do sinal durante o conclave “não afetará a Praça de São Pedro”, disse o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni.

Segundo o Vaticano, depois do anúncio da eleição do papa, os sinais voltarão ao normal.  

Durante o conclave o sinal estará garantido dentro das duas salas de imprensa, na Praça São Pedro e na Via della Conciliazione, principal rua de acesso à Praça. Caso contrário, um evento deste porte arrisca o caos total. Vale lembrar que mais de 5 mil jornalistas do mundo inteiro estão credenciados para a cobertura. 

Nos dois conclaves anteriores, em 2005 e em 2013, nos momentos das fumaças houve dificuldade para conseguir sinal, não porque estão bloqueados pelo Vaticano e sim por causa da quantidade de gente usando o celular ao mesmo tempo.   

Outra estratégia contra a fuga de informação é que os funcionários, cozinheiros, motoristas, faxineiros, enfermeiros, médicos e todas as pessoas no Vaticano envolvidas na logística durante conclave, já prestaram ontem o juramento para manter segredo. 

No juramento, eles prometeram não utilizar qualquer tipo de transmissor ou receptor ou qualquer equipamento fotográfico, mesmo depois da eleição do novo papa, a não ser que lhes seja concedida “permissão especial e autorização explícita” para o fazerem.

Vale lembrar que o juramento de sigilo também é feito durante a primeira reunião do conclave, em que prometem “manter escrupuloso sigilo sobre tudo o que for discutido nas reuniões dos cardeais, antes ou durante o conclave, e sobre tudo o que, de alguma forma, estiver relacionado com a eleição do Romano Pontífice”.

Durante o conclave, os eleitores não estão autorizados a enviar cartas, documentos escritos ou qualquer coisa impressa aos seus colegas cardeais, nem ao exterior. Os conclavistas também não têm acesso a jornais durante as discussões.

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