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Dinamarca quer proibir influenciadores digitais de promover fast food para crianças

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O governo dinamarquês quer aprovar uma legislação que proíba anúncios — inclusive campanhas com influenciadores digitais — que promovam alimentos e bebidas não saudáveis para crianças menores de 15 anos. A medida surge após campanhas publicitárias de influenciadores populares entre o público jovem, no país escandinavo, serem usadas para divulgar produtos como batatas fritas e milkshakes. A proposta prevê a modificação das atuais leis de marketing.

Publicidade nas redes ligada ao fast food está na mira das autoridades dinamarquesas.
Publicidade nas redes ligada ao fast food está na mira das autoridades dinamarquesas. Gettyimages / C Squared Studios
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Fernanda Melo Larsen, correspondente da RFI em Copenhague

As infrações serão punidas com multas, e um ombudsman de consumo ficará responsável por fiscalizar o cumprimento das novas regras. Segundo a ministra da Saúde da Dinamarca, Sophie Løhde, será elaborada uma lista oficial de alimentos considerados não saudáveis, e o público-alvo dos influenciadores será avaliado com base na idade de seus seguidores.

“As crianças são bombardeadas com propagandas de alimentos e bebidas não saudáveis nas redes sociais, e isso contribui para um desenvolvimento preocupante, dificultando a adoção de boas escolhas no dia a dia. Precisamos acabar com esse tipo de marketing para que possamos promover hábitos alimentares mais saudáveis entre as crianças e, assim, prevenir a obesidade e doenças relacionadas”, afirmou a ministra.

Fiscalização

De acordo com o Comitê de Negócios da Dinamarca, a multa atual para quem viola a legislação de marketing pode variar de 3 mil a 500 mil coroas dinamarquesas — o equivalente a cerca de 2.500 a 430 mil reais. Para o ministro da Indústria e Comércio, Morten Bødskov, os valores já são significativos.

“Hoje temos regras para violações da legislação de marketing, e as multas são altas. Mas, ao passar algum tempo nas redes sociais, fica evidente que há um problema. Influenciadores, em particular, têm dedicado tempo e esforço ao marketing direto para crianças e jovens — e isso simplesmente precisa parar”, declarou o ministro em entrevista a uma emissora de TV dinamarquesa.

Proibição na Noruega

A vizinha Noruega já proíbe, desde abril deste ano, a publicidade de alimentos e bebidas não saudáveis voltada a crianças e jovens com menos de 18 anos, inclusive dentro das salas de cinema. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o marketing desses produtos influencia diretamente as preferências, escolhas, compras e consumo infantil.

Dados da Sociedade Dinamarquesa do Câncer indicam que até 80% dos anúncios de alimentos e bebidas com os quais crianças e jovens têm contato no dia a dia promovem produtos não saudáveis, com altos teores de gordura, sal e açúcar — fatores que podem levar não apenas à obesidade precoce, mas também ao desenvolvimento de até 15 tipos diferentes de câncer.

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