Plano de Trump para IA propõe centros de dados, menos regulação ambiental e disputa com China
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O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, deve apresentar nesta quarta-feira (23) seu aguardado plano nacional para a inteligência artificial (IA). Segundo informações antecipadas pela imprensa local, o documento tem 20 páginas e se estrutura em três eixos principais: infraestrutura, inovação e influência global.

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York
O anúncio ocorrerá durante o evento “Winning the AI Race” (“Vencendo a Corrida da IA”, em tradução livre), em Washington, organizado pelo podcast All-In e pelo fórum Hill & Valley.
Batizado de AI Action Plan, o plano busca facilitar a construção de centros de dados e ampliar a infraestrutura energética do país. Para isso, propõe a flexibilização de exigências ambientais e a aceleração de processos de licenciamento, com o objetivo de garantir o fornecimento de energia necessário ao funcionamento de sistemas de IA – que consomem elevados volumes de eletricidade.
Diferentemente de iniciativas anteriores, tanto do governo de Joe Biden quanto do primeiro mandato de Trump, o novo plano dá menos ênfase à propriedade intelectual e prioriza a produção de energia.
O plano se apoia em três pilares:
- Infraestrutura – Visa modernizar a rede elétrica e facilitar a construção de centros de dados, com foco em acelerar licenças e incorporar novas fontes de energia.
- Inovação – Propõe a redução de regulamentações, o incentivo a tecnologias abertas e a liderança dos EUA no desenvolvimento de novos modelos de IA. Também inclui críticas a regulações estaduais e um alerta contra barreiras internacionais às empresas americanas do setor.
- Influência global – Busca conter a dependência de tecnologias chinesas, incentivando países aliados a adotarem modelos e chips desenvolvidos por empresas dos EUA.
IA e combustíveis fósseis
O governo Trump tem usado a corrida pela IA como justificativa para ampliar investimentos em combustíveis fósseis. Um decreto previsto para os próximos dias deve autorizar a construção de centros de dados em território federais, conectando diretamente a expansão da IA à matriz energética baseada em gás e petróleo.
Entre as medidas, destaca-se a flexibilização de exigências ambientais e a aceleração de licenças. A justificativa é clara: sistemas de IA demandam grande capacidade computacional e, portanto, alto consumo de energia.
Segundo Trump, “para continuar liderando o mundo em IA, será preciso aumentar muito a produção de energia” — o que inclui a ampliação do uso de combustíveis fósseis.
Grupos ambientalistas e especialistas em tecnologia alertam para os riscos do plano e da expansão dos centros de dados (data centers), sobrecarregando a rede elétrica. A priorização de combustíveis fósseis compromete metas climáticas e aumenta as emissões de gases de efeito estufa. Além disso, a desregulamentação proposta levanta preocupações sobre segurança e privacidade.
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Competição com a China
A urgência dos EUA em avançar na área está diretamente ligada ao crescimento da China no setor. O país asiático investe bilhões para se tornar uma superpotência em IA, repetindo a estratégia que o levou à liderança nos mercados de carros elétricos e energia solar.
Mesmo após restrições impostas pela OpenAI, empresas chinesas como DeepSeek e Alibaba desenvolveram sistemas de código aberto que hoje rivalizam com os melhores do mundo.
Diante desse cenário, Washington vê a supremacia tecnológica como uma questão de segurança nacional e busca garantir que seus aliados optem por soluções americanas em vez das chinesas.
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