França-Brasil 2025: Feira de Arte Urbana e Contemporânea homenageia galerias e artistas brasileiros
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A primeira edição da Feira Internacional de Arte Urbana e Contemporânea Spera é realizada no espaço Beffroi de Montrouge, ao sul de Paris, até este domingo (5). Dentro da Temporada França-Brasil 2025, a cena artística brasileira é homenageada no evento, que acolhe célebres galerias e representantes do street art nacional.

Daniella Franco, da RFI em Paris
No total, 40 galerias e mais de 100 artistas vindos do mundo inteiro se encontram neste espaço de mais 1.000 m2 de exposição, entre eles as galerias Alma de Rua e A7MA, além de nomes como Tinho, Enivo, Andre Mogle, Rafael Sliks, Fefe Talavera, célebres representantes da arte urbana nacional.
A ideia de criar o evento nasceu há cerca de três anos, quando um dos idealizadores da Spera, Gary Laporte, fundador da agência Naga Creativo, pensou em uma feira que fosse além do objetivo da aquisição de obras. "Eu tinha esta sensação de ser um objeto numa caixa. Então, eu queria criar algo novo, que quebrasse o código das feiras tradicionais, onde os participantes não estão lá só para vender mas também para viver uma experiência coletiva", diz.
Uma das galerias representantes do Brasil na Spera é a Alma da Rua, do curador e colecionador Tito Bertolucci, que trouxe obras de sete artistas brasileiros. Para ele, este tipo de evento ajuda a internacionalizar a arte urbana do país. "Há uma expectativa muito grande de podermos nos comparar com grandes artistas da street art já renomados. A gente quer se igualar a eles e chegar nesse topo internacional", afirma.
Entre os brasileiros representados pela galeria Alma de Rua na Spera está o grafiteiro paulistano Pardal é um dos artistas representados pela galeria Alma de Rua, que não esconde seu entusiasmo com a participação no evento. "O sentimento é de muita gratidão. É a primeira vez que eu venho para cá e eu sinto essa importância da amizade entre o Brasil e a França através da arte", destaca. "Cada vez mais a gente tem que se unir, abrir oportunidade para outros artistas, expandir esses conhecimentos e espalhar o amor, que é o mais importante", reitera.

Conexão entre a França e o Brasil
Vários artistas brasileiros escolheram trazer para a Spera obras que abordem aspectos da cultura nacional mas que possam se conectar com o público francês. É o caso de Enivo, cofundador da galeria A7MA, que comercializa na feira peças que façam uma ponte entre São Paulo e Paris.
"Eu trouxe minha produção atual, que é uma produção mais lúdica, ligada à cidade, ao afrofuturismo, à cultura periférica, a visões de futuras civilizações, que é algo que surgiu na pandemia. Apresento aqui algumas obras que têm cenas de São Paulo, como a praça Roosevelt e a praça da República, e que lembram também um pouco do cenário parisiense", diz.
Fefe Talavera, outra representante do Brasil no evento, diz acreditar que, apesar das diferenças entre a arte de rua do Brasil e da França, o público francês absorve facilmente as obras dos artistas nacionais. "Acho que toda a arte vai se conectar, independentemente de ser de lá ou daqui", avalia. "Eu gosto que as pessoas aqui não veem apenas o lado exótico do Brasil, mas elas gostam de entender sobre o que trata o nosso trabalho, de conhecer a história por trás dele, e eu acho isso muito interessante", comemora.

Colaboração celebra amizade
Para celebrar os laços Brasil-França a primeira edição da Spera também apresenta uma mostra realizada em colaboração entre dois famosos artistas: o francês Seth e Tinho, pioneiro do grafite brasileiro. As obras que compõem a exposição foram criadas especialmente para o evento e celebram também a amizade deste dois gigantes da arte urbana.
"Eu conheci o Seth no Brasil, há um bom tempo atrás. Desde lá a gente já começou a se conectar. A gente pintou muito junto lá. Depois que ele voltou para a França, a gente ainda se encontrou em vários outros projetos na China, na Tunísia, em outros lugares", conta. "Sempre foi uma alegria encontrar com ele, a gente sempre teve uma boa amizade. Acho que essa conexão de tanto tempo, de tanta amizade, facilitou bastante para a gente conseguir fazer um trabalho em colaboração", diz.
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