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Turbulência no mercado após guerra na Ucrânia pode favorecer commodities africanas, avalia economista

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Ex-secretário executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes é guinense, tem 61 anos e é especialista em desenvolvimento e planeamento estratégico. Ele se diz consciente de que o momento atual é de preocupação mundial, principalmente pela questão humanitária, mas acredita que esta também possa ser uma oportunidade para países africanos, como a Nigéria, o maior produtor de petróleo do continente.

O logotipo Nord Stream 2 no oleoduto Chelyabinsk, na Rússia. “O petróleo representa cerca de 40% das exportações da África. E a Rússia é um dos principais produtores mundiais. Portanto, qualquer turbulência neste mercado vai favorecer a África, porque vai aumentar os preços do petróleo”, lembrou Carlos Lopes.
O logotipo Nord Stream 2 no oleoduto Chelyabinsk, na Rússia. “O petróleo representa cerca de 40% das exportações da África. E a Rússia é um dos principais produtores mundiais. Portanto, qualquer turbulência neste mercado vai favorecer a África, porque vai aumentar os preços do petróleo”, lembrou Carlos Lopes. REUTERS - Maxim Shemetov
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Vinícius Assis, correspondente da RFI na África do Sul

“Nós temos muitos exemplos, infelizmente. Podemos recuar pouco historicamente para descobrir que, por exemplo, foi o que aconteceu quando a Turquia invadiu uma parte da Síria. Ou quando a Arábia Saudita invadiu o Iêmen. E não houve este tipo de comportamento quase, digamos, gritante, por parte dos países ocidentais”, lembrou Carlos Lopes.

“O petróleo representa cerca de 40% das exportações da África. E a Rússia é um dos principais produtores mundiais. Portanto, qualquer turbulência neste mercado vai favorecer a África, porque vai aumentar os preços do petróleo”, lembrou.

Lopes diz ver exagero nas sanções aplicadas à Rússia após os ataques contra a Ucrânia. Não é o mesmo que dizer que o economista e sociólogo apoie o conflito que está preocupando o mundo todo. Ele chama atenção para uma mensagem política nas punições aplicadas à Rússia, destacando que outros governos tiveram atitudes também condenáveis, mas que não receberam punições como as anunciadas nos últimos dias.

Alternativas em outros mercados

Na opinião dele, o Egito também pode expandir a oferta de gás para países europeus, compradores do produto russo. Ao falar dos impactos deste conflito sobre o continente africano, ele destaca que países desta região, principalmente ao norte do continente, importadores de produtos como trigo da Rússia e Ucrânia, precisam encontrar alternativas em outros mercados.

Racismo

O racismo explícito visto em recentes vídeos que viralizaram nos últimos dias também preocupou o especialista. Ele criticou o tratamento dado a negros que estavam tentando fugir da Ucrânia, mas sendo impedidos. Isso também fez a União Africana se posicionar e condenar as práticas racistas.

A Rússia tem uma forte presença no continente africano, assim com alguns de seus aliados e adversários. Na África estão importadores de produtos russos, fornecedores e também concorrentes da Rússia.

“Outra commodity que tem grande impacto mundial por causa das novas tecnologias é a platina, onde a Rússia é o principal produtor mundial, mas a África do Sul e o Zimbábue são, também, grande produtores”, destacou, ressaltando que em se tratando dessas commodities as notícias são boas para a África.

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