Cristiano Nascimento lança projetos musicais e dirige 2° Festival de Choro no sul da França
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O músico e compositor brasileiro Cristiano Nascimento, radicado na França, lança em abril dois projetos: o álbum "Portraits", em parceria com Wim Welker, e o livro-disco "C’est l’heure du boeuf”, concebido com a francesa Claire Luzi. Os lançamentos acontecem paralelamente à 2ª edição do Festival Internacional de Choro de Aix-en-Provence, do qual é fundador e diretor artístico.
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Cristiano Nascimento é um músico brasileiro que tem o violão como instrumento principal, mas se considera antes de tudo um compositor e arranjador. "Antes de ser violonista, eu me considero compositor e arranjador. Se o violonista faz alguma coisa, é graças ao compositor", destaca ao falar de seu álbum “Portraits”, realizado em parceria com o músico Wim Welker.
A colaboração é resultado de mais de uma década de amizade e trabalho conjunto. "A gente já se conhece e toca junto há mais de 12 anos. E para mim é muito importante ter uma relação humana com a pessoa que eu vou dividir o palco, ensaiar, trabalhar, tocar, criar. Tem que ter muita afinidade além da música, só música não basta", explica Cristiano sobre o trabalho lançado em plataformas digitais.
O álbum explora a variedade de timbres e estilos musicais, utilizando diferentes instrumentos como violão de sete cordas de aço e de nylon, viola nordestina e guitarra elétrica.
"Eu não gosto de ficar ouvindo o mesmo timbre o tempo todo... E isso faz parte da minha música, porque é o que tem dentro de mim. E a ideia era explorar timbres e linguagens de coisas que vivi como músico de bailes e com os mestres com quem convivi", justifica Cristiano Nascimento ao falar da diversidade sonora.
O segundo projeto é o livro-disco "C’est l’heure du boeuf", desenvolvido com sua esposa Claire Luzi, por meio da companhia La Roda. A obra surgiu de um espetáculo criado em 2019, inicialmente chamado "Bum Boum mon Boeuf", que faz um jogo de palavras entre o "Bumba meu boi" do folclore brasileiro e a expressão francesa "faire le boeuf" (fazer um som de forma informal). "A gente conta essa história verdadeira que tem uma relação muito grande com o compositor Pixinguinha e o Brasil", relata Nascimento.
O livro foi escrito por Dominique Dreyfus, pesquisadora da música brasileira e biógrafa de Baden Powell e Luiz Gonzaga, e ilustrado por Sylvain Barret, um francês que mora em São Paulo. "A gente adorou a história que ela escreveu", comenta o músico sobre o trabalho de Dreyfus.

Festival Internacional de Choro
Além desses projetos, Cristiano é fundador e diretor artístico do Festival Internacional de Choro de Aix-en-Provence, que chega à sua segunda edição em 2025, fazendo parte da programação da temporada cruzada Brasil-França.
O festival enfrentou desafios financeiros, mas conseguiu se manter graças ao apoio de voluntários e parcerias. "A gente quase anulou... Mas graças a essas pessoas maravilhosas que trabalham na equipe, a gente continuou, levantou a cabeça. E viabilizou com uma ajuda muito grande da temporada do Brasil na França, do consulado do Brasil em Marselha", revela.
A programação do festival é diversificada, incluindo exposições de fotografias, oficinas e apresentações musicais. Um dos destaques é a exposição "Choromaton" de Olivier Lob, fotógrafo que documenta chorões de todo o Brasil. "Ele percebeu que não tinha tanto assim. A gente tinha algumas imagens dos grandes ícones. É pouco documentado de uma forma geral, e ele começou a trabalar não só os conhecidos, mas também os anônimos", explica Cristiano.
O festival também conta com oficinas que já atraíram mais de 40 músicos inscritos de toda a Europa, além de rodas de choro diárias. Sobre a receptividade do público francês, Cristiano comenta que desde a primeira edição o festival superou as expectativas, o que motivou a companhia La Roda e apostar nesta segunda edição. "A gente fez com medo, com cara e coragem... E foi um sucesso. Estava casa cheia, todos os eventos. A gente teve que deixar gente de fora," lembra.
Ponte Cultural Brasil-França
Desde 2007, quando fundou a companhia La Roda com sua esposa francesa Claire Luzi, Cristiano trabalha na divulgação do choro na França. "O nosso interesse real, na verdade, é que a gente quer roda de choro. A gente quer que tenha muitos chorões, que toquem choro. A verdade é só essa. É muito simples, o nosso desejo profundo de tocar choro todo dia e com várias pessoas que têm um repertório grande também", confessa.
O músico observa que o choro tem ganhado mais visibilidade no continente europeu nos últimos anos, apesar dos clichês que ainda existem sobre a música brasileira.
"A música brasileira do Brasil surpreende, mas porque a gente tem sempre as mesmas coisas que vêm na grande mídia internacional do Brasil, acaba reduzido a uma coisinha bem pequena e clichê", pondera. “Mas o choro vem ganhando muito espaço em toda a Europa”, garante Cristiano Nascimento.
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