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Em álbum de peças inéditas, Maria Inês Guimarães traduz o choro para músicos de formações variadas

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A pianista, compositora e musicóloga mineira Maria Inês Guimarães, uma das fundadoras do Clube do Choro de Paris e presidente do Festival Internacional de Choro, acaba de lançar um novo álbum de partituras, com composições próprias e que propõem uma ponte entre o piano solo, a música de câmara e os grupos de choro.

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A pianista, compositora e musicóloga mineira Maria Inês Guimarães no estúdio 21 da RFI.
A pianista, compositora e musicóloga mineira Maria Inês Guimarães no estúdio 21 da RFI. © RFI / Adriana Moysés
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Adriana Moysés, da RFI em Paris

A ideia do álbum surgiu da prática cotidiana de Maria Inês com seus alunos de piano e nas oficinas de música de câmara, onde o choro brasileiro é presença constante. “Eu sentia que toda semana estava escrevendo como tocar o choro. É uma transmissão oral, mas o aluno que tem conhecimento teórico queria ver escrito”, conta. Foi assim que, aos poucos, foi reunindo anotações e decidiu transformá-las em um conjunto de sete peças autorais, “escritas de uma maneira clássica para piano, mas de maneira que a pessoa toque e soe já imediatamente brasileiro”.

O desafio, segundo ela, foi grande: “Colocar o choro na partitura, com interpretação, fraseado, articulação, tudo que vem de maneira intuitiva, pôr no papel, é muito desafiador, mas eu achei que valia a pena tentar a experiência.”

O álbum vai além do piano solo. Maria Inês pensou em formações variadas, abrindo espaço para a liberdade criativa dos intérpretes. “Quem quiser pode formar um grupo com qualquer instrumentista de qualquer área, que vem do jazz ou do clássico, e fazer um arranjo novo, que aí já não vai ser mais o que eu pensei; já é a música que cria a vida nova dela.”

Essa abertura ao novo faz parte de sua trajetória. Pioneira no ensino da improvisação livre na França, ela dirige há 20 anos um ateliê dedicado a essa prática. “A improvisação livre parte do som realmente, assim, puro, só um som. Não tem nenhuma linguagem, não é como no jazz ou no choro, que é onde tem um desenho, uma tonalidade, alguma coisa anterior à improvisação.”

'Paris é uma cidade chorona'

O choro, aliás, segue sendo uma paixão e uma missão. Uma das fundadoras do Clube do Choro de Paris e do Festival Internacional do Choro, Maria Inês celebra o crescimento do gênero na França: “Hoje em dia, Paris é uma cidade chorona, nós temos rodas, pelo menos três rodas por semana”, destaca.

O festival é a ocasião em que músicos do mundo todo se encontram para procurar uma informação segura com os grandes profissionais brasileiros que Maria Inês traz à França. “Isso nos permite também uma formação contínua”, sublinha. E completa com entusiasmo: “Hoje, a França é um país chorão.”

Entre os projetos mais recentes da pianista está o ateliê “Fábrica do Choro”, que acontece até 24 de outubro no Conservatório de Anthony, na região parisiense. Durante cinco dias, os alunos aprendem a tocar quatro peças por transmissão oral, “construir as harmonias e fazer os pequenos acompanhamentos, contrapontos rítmicos e melódicos”, culminando em uma apresentação coletiva na próxima sexta-feira (24).

A próxima edição do Festival Internacional do Choro já tem data marcada: de 27 a 29 de março de 2026, na Casa do Brasil, na Cidade Universitária de Paris. “São três dias sem parar. São seis concertos e 12 oficinas.”

Com sua atuação múltipla — como artista, educadora e difusora cultural —, Maria Inês Guimarães reafirma o choro como linguagem viva, em constante reinvenção. E como ela mesma diz, “a música cria a vida nova dela”.

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