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Líderes da UE discutem na Dinamarca ‘crise dos drones’, apoio à Ucrânia e reforço da defesa europeia

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Os 27 chefes de Estado e de governo da União Europeia estão reunidos a partir desta quarta-feira (1º), em Copenhague, capital da Dinamarca, para discutir uma resposta coordenada à chamada “crise dos drones”. Nas últimas semanas, a Rússia tem sido acusada de violar repetidamente o espaço aéreo europeu. Anfitriã do encontro, a Dinamarca detectou frequentes incursões de drones não identificados em seu território. Casos semelhantes ocorreram na Polônia e na Romênia, além da invasão de caças russos na Estônia.

Na noite de quarta-feira, 24, para quinta-feira, 25 de setembro, vários drones de origem desconhecida foram avistados sobre vários aeroportos na Dinamarca. (Imagem ilustrativa).
Na noite de quarta-feira, 24, para quinta-feira, 25 de setembro, vários drones de origem desconhecida foram avistados sobre vários aeroportos na Dinamarca. (Imagem ilustrativa). © AP - Jeff Roberson
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Artur Capuani, correspondente da RFI em Bruxelas

A reunião desta quarta-feira, classificada como encontro informal na agenda do Conselho Europeu, foi aberta com acusações à Rússia. “Estamos em confronto com Moscou”, destacou o presidente francês Emmanuel Macron ao chegar a Copenhague. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu que a UE não permitirá que a Rússia “semeie divisão e angústia” entre os países do bloco. 

A sucessão de episódios de violação do espaço aéreo em países da fronteira leste da União Europeia levantou preocupações sobre a capacidade do bloco de enfrentar uma “guerra de drones”. A reunião propõe justamente discutir mecanismos e medidas eficazes para remodelar, o quanto antes, as defesas europeias — especialmente no flanco oriental.

O caso da Polônia é emblemático: o país teve que recorrer a mísseis de alto custo para abater drones muito mais baratos. Na carta-convite, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, convocou os Estados-membros a debater medidas práticas para fortalecer e tornar mais eficiente a defesa do bloco.

A Dinamarca foi escolhida como sede do evento por ocupar, neste semestre, a presidência rotativa do Conselho. E o local não poderia ser mais pertinente. Nos últimos dias, o país enfrentou uma onda de incidentes envolvendo drones não identificados sobrevoando aeroportos civis e bases militares. O aeroporto de Copenhague chegou a ser fechado por várias horas, e outras instalações também precisaram interromper temporariamente suas operações.

O governo dinamarquês classificou os episódios como “um ataque híbrido”. Segundo as autoridades, os padrões de voo e o tipo de equipamento indicam uma operação profissional e coordenada. Três embarcações russas estão sendo investigadas por possível envolvimento, mas nenhum responsável foi oficialmente identificado. Moscou nega qualquer participação nos eventos.

Como medida preventiva, Copenhague proibiu temporariamente, até sexta-feira (3), o uso civil de drones e reforçou a vigilância aérea, especialmente por conta da reunião do Conselho Europeu iniciada hoje.

Muro antidrones

Entre os temas em debate estão a instalação do chamado “muro antidrones” e a modernização das defesas europeias, com a implantação de radares, sensores acústicos, bloqueadores de sinal, interceptadores e artilharia tradicional. A implementação completa do projeto pode levar mais de um ano, e os líderes discutem formas de acelerar o processo, incluindo a distribuição do SAFE — pacote de € 150 bilhões em empréstimos a juros baixos para reforço da defesa.

A invasão da Ucrânia elevou a batalha com drones a uma nova dimensão. Uma das principais tecnologias utilizadas nessa guerra são os drones com fibra óptica, que impedem qualquer bloqueio de frequência. A indústria de defesa da Ucrânia e seu setor de drones se desenvolveram significativamente desde o início do conflito. Como consequência, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou que o país pretende voltar a exportar armas — algo que estava proibido pela lei marcial desde 2022.

Apoio à Ucrânia

O financiamento de longo prazo à Ucrânia também está na pauta da reunião. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs empréstimos lastreados em ativos russos congelados na Europa. O objetivo é permitir que Kiev adquira armas de fabricantes europeus de defesa, sem absorver totalmente os ativos russos. A Ucrânia pagaria os empréstimos caso a Rússia cumpra reparações pela invasão em um eventual acordo de fim de guerra. Nesta semana, von der Leyen anunciou um empréstimo de € 2 bilhões para a compra de drones destinados a Kiev.

No fim do mês, nos dias 23 e 24 de outubro, ocorrerá a cúpula oficial do Conselho Europeu em Bruxelas, onde os líderes voltarão a se reunir para discutir este e outros temas estratégicos da política europeia.

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