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Trump apresenta plano para acabar com a guerra na Faixa de Gaza, Israel concorda e mundo aguarda Hamas

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou o seu plano de 20 pontos para acabar com a guerra na Faixa de Gaza. Já aprovado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a proposta agora aguarda o posicionamento oficial do Hamas. 

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Le président américain Donald Trump aux côtés du Premier ministre israélien Benyamin Netanyahu, le 29 septembre 2025 à la Maison Blanche.
Le président américain Donald Trump aux côtés du Premier ministre israélien Benyamin Netanyahu, le 29 septembre 2025 à la Maison Blanche. © Alex Brandon / AP
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Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel

Do ponto de vista dos palestinos, o plano tem alguns dos elementos do chamado Acordo do Século, plano apresentado por Trump em 2020, durante seu primeiro mandato, que tinha como objetivo encerrar o conflito e criar um estado palestino na Faixa de Gaza e em "ilhas" ao longo da Cisjordânia. Apesar de não ter ido adiante e ter sido rapidamente rejeitado pelos palestinos, o plano imaginava uma realidade de empreendimentos de energia e logística para a Faixa de Gaza. 

Isso se repete agora. Um dos pontos mencionados na proposta cita o desenvolvimento econômico para reconstruir Gaza a partir da convocação de um painel de especialistas que, segundo o texto, "ajudaram a dar origem a algumas das cidades prósperas, modernas e milagrosas do Oriente Médio". 

Outro aspecto é que ele nega aquela ideia inicial - e que causou indignação - de uma "Riviera" na Faixa de Gaza, em que se temia até que os moradores pudessem ser deslocados do território. O plano de Trump diz que "ninguém será forçado a deixar Gaza, e aqueles que desejarem sair serão livres para fazê-lo e retornar". A proposta, inclusive, diz que haverá incentivos para que as pessoas permaneçam no território e que elas receberão oportunidades para, segundo o texto, "construir uma Gaza melhor".

E, por fim, o plano garante que Israel não anexará qualquer parte do território, ao contrário do que defendem dois dos elementos mais radicais do governo israelense, os ministros Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben Gvir (Segurança Nacional)

Euforia em Israel

Até este momento, há grande expectativa positiva para que o plano seja implementado. O líder da oposição, Yair Lapid, diz que garantirá a chamada "rede de sustentação" para Netanyahu conseguir aprová-lo. Ou seja, ele assume o compromisso de se juntar ao governo para impedir que eventuais saídas de membros da coalizão prejudiquem a aplicação da proposta. 

O Fórum dos Familiares dos Reféns afirmou, por meio de comunicado, que se trata de um "acordo histórico" que vai permitir a "reabilitação do povo, o fim da guerra e um novo futuro para o Oriente Médio". Ainda de acordo com o comunicado, "o mundo deve exercer pressão máxima para garantir que o Hamas se comprometa com essa oportunidade histórica de paz". 

Isolamento internacional e o "sim" de Netanyahu

Pela primeira vez há um plano apresentado por Donald Trump. Numa situação de isolamento internacional, como é o caso atual de Israel, não havia muita margem para negar a proposta do principal aliado do país. 

De qualquer forma, se implementado, o plano permite a Israel alcançar todos os objetivos estabelecidos pelo governo: o retorno de todos os reféns, a possibilidade do desarmamento do Hamas e a garantia de que a Faixa de Gaza não represente uma ameaça de segurança a Israel.

Para além disso, há um cenário inédito: o apoio explícito ao plano de boa parte dos países árabes e muçulmanos, incluindo Arábia Saudita, Catar, Turquia, Indonésia, Paquistão, Emirados Árabes Unidos. Se o Hamas não concordar, Israel recebeu autorização pública dos Estados Unidos de que poderá voltar a atacar o grupo palestino.

Se este plano apresentado por Trump for mesmo implementado, Israel terá garantias históricas de segurança e poderá dar um novo passo rumo à inserção regional quase completa, isolando ainda mais aqueles que pregam o fim do estado judeu. 

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