Guerra na Ucrânia testa capacidade dos europeus para acolher refugiados
Publicado em:
As revistas francesas desta semana deram destaque à estratégia europeia de acolhimento das milhões de pessoas que estão fugindo da Ucrânia. Além da questão da moradia e dos riscos sanitários, as autoridades estão preocupadas com a situação das crianças e até dos animais de companhia retirados do país por causa da guerra.

Le Point traz uma das análises mais completas sobre o assunto. A revista começa sua reportagem citando a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, que declarou esta semana que a Europa vive “a maior crise humanitária desde a Segunda Guerra mundial”.
A representante de Berlim alerta que entre 8 e 10 milhões de refugiados podem deixar a Ucrânia nas próximas semanas e que os europeus “devem se organizar com seus parceiros do resto do mundo para administrar essa situação”.
Le Point calcula que, se essa previsão se confirmar, a União Europeia vai acolher em poucos dias o equivalente à população de 19 dos 27 países do bloco. “É como se Portugal se esvaziasse de todos os seus habitantes, que migraram em seguida”, compara a reportagem.
Esse contexto levanta uma série de questões logísticas, explica a revista. Uma das prioridades é garantir a escolaridade das crianças ucranianas, que devem tentar retomar uma vida normal após o choque psicológico da guerra. Os menores que migraram sozinhos também são acompanhados por serviços especiais, para evitar que caiam em redes de tráfico humano e de prostituição, explica o texto.
Além disso, as autoridades se organizam para controlar o risco de uma nova onda de Covid-19 acarretada por esse fluxo gigantesco de pessoas. Quanto ao mercado de trabalho, a Comissão Europeia já prepara um sistema de equivalências para reconhecer facilmente os diplomas e qualificações dos ucranianos, para que os refugiados possam retomar uma vida profissional rapidamente.
Moradia é o aspecto mais delicado
Mas um dos aspectos mais delicados é o da moradia. “A onda de generosidade na Europa tornou possível oferecer um teto e uma família de acolhimento a um bom número de refugiados, mas, a longo prazo, isso não é sustentável”, avalia Le Point.
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, também aborda esse tema na revista L’Obs. Ele anunciou 100.000 leitos disponíveis para os ucranianos que chegarem no país e prepara novas estruturas de acolhimento para essa população. “Temos o dever de antecipar”, disse o chefe do governo francês, temendo “um aumento significativo do número de refugiados”.
Animais de companhia dos refugiados
Até o acolhimento dos animais de companhia retirados da Ucrânia está sendo organizado, como conta a revista Paris Match. A publicação relata como a associação francesa Veterinários para todos e a Fundação Brigitte Bardot implementaram um dispositivo para ajudar a acolher os animais que entrarem na França com os refugiados.
“Apoiada pelo ministério francês da Agricultura, esta operação cobre integralmente os custos de vigilância sanitária e cuidados veterinários para cães e gatos da Ucrânia”, explica Paris Match.
Além de controlar e prevenir os riscos ligados à possíveis zoonoses que podem entrar na França com esse grande movimento de animais vindos da Ucrânia, país onde a raiva ainda não foi eliminada, a medida também espera “aliviar um pouco a angústia de milhares de refugiados que perderam tudo e cuja companhia de seu animal é mais do que preciosa”, declarou Christophe Marie, porta-voz da Fundação Bardot.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro