Cantora maranhense está em cartaz em Paris com espetáculo sobre autismo e meio ambiente
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A artista brasileira Anna Torres, radicada na França, apresenta a peça “Sibelle, la cigalle brésilienne”, com uma longa temporada em Paris, que vai de julho a setembro. O projeto trata da preservação do meio ambiente e, especialmente sobre o autismo, já que a personagem principal é uma cigarra autista, artista e ecologista
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“São temas que me dizem muito e eu espero poder sensibilizar outras pessoas falando sobre algo que me toca, que é o autismo, pelo fato de eu ser mãe de uma criança autista e por essa condição ser uma grande batalha, já que ainda é muito difícil conseguir ajuda para a evolução dos nossos filhos", explica Anna Torres na entrevista à RFI.
"A ideia também é tentar, por meio desse projeto, chamar a atenção das autoridades para a criação de leis de inserção, que ajudem no desenvolvimento dessas pessoas, porque o autismo não é uma doença, é algo que não tem cura, mas uma criança pode progredir muito e contribuir com a sociedade. O que eu percebo é que as estruturas estão muito mais preparadas para as crianças do que para os jovens e adultos, e falta espaço para acolhê-los", acrescenta.
Anna Torres já lançou um disco e um livro, e neste espetáculo utiliza a Floresta Amazônica como cenário para falar sobre natureza, por meio de animais em via de extinção, e fomentar o debate sobre acolhimento. Ela conta que, a partir do diagnóstico da filha, que hoje tem 12 anos, viu a necessidade de dar mais visibilidade ao tema, desta vez unindo à questão da preservação ambiental.
“Foi muito difícil quando recebi o diagnóstico da nossa filha. A gente se sente muito perdida, sem chão e eu peguei essa tristeza e transformei em arte, e vi que esse projeto pode ser muito mais que só uma autoterapia, ele pode contribuir para fomentar esse debate em torno do autismo e da defesa do meio ambiente”.
Espetáculo em várias línguas
O espetáculo é em francês, mas tem versão também em espanhol e inglês, porque a ideia da artista é expandir o projeto para além da França. Além disso, ela conta que uma das canções da peça também foi gravada em outros idiomas, como o italiano, alemão, chinês e, é claro, em português. Tudo para que a mensagem de consciência e respeito possa chegar a um número ainda maior de pessoas.
Quando perguntada sobre a estrutura dos países para tratamento e acolhimento das pessoas com autismo, Anna Torres explica que a França conta com uma disposição financeira e de base maior, mas que ainda falta um olhar mais acolhedor com as pessoas com deficiência, um pouco mais de simpatia. Já o Brasil tem estruturas pagas que são muito boas, mas que para a maioria das famílias, o atendimento ainda é muito precário. Ela se emociona ao falar das dificuldades enfrentadas como mãe.
“Os indivíduos que têm uma deficiência muitas vezes são invisíveis, transparentes, e ainda sofrem muito com os olhares de discriminarão e de desprezo. Por isso, eu espero, através do meu projeto, sensibilizar as pessoas. E é importante dizer que não é uma peça só para autistas, mas para todos.”
O espetáculo “Sibelle, la cigalle brésilienne” fica em cartaz no teatro La Comédie Saint-Michel todas as quartas e sábados do mês de julho, às 14h e, no mês de agosto, estará disponível também nas sextas-feiras, no mesmo horário.
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