Compositor brasileiro de trilha sonora participa de seleto ateliê do Festival de Berlim
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Pedro Salles Santiago é músico, compositor de trilhas sonoras e produtor musical. Ele assina composições originais que dão ritmo a mais de 35 longas e curtas-metragens e já foi premiado em vários festivais. Pedro Santiago está em Paris de passagem entre o Festival Internacional de Curta-Metragem de Clermont-Ferrand, encerrado no início de fevereiro, e a Berlinale, o Festival de Cinema de Berlim, que começa nesta quinta-feira (16).
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Em Clermont-Ferrand, centro da França, o filme “Takanakuy”, do peruano Vokos, com trilha sonora de Pedro Santiago ganhou uma menção especial do júri. “A premiação em Clermont deu uma coroada na participação do ‘Takanakuy’ na competição desse festival prestigiado”, festeja o compositor.
No festival de Berlim, o músico vai participar do seleto ateliê “Berlinale Talents”, que este ano terá como mentor o premiado cineasta sueco Ruben Östlund, diretor de "The Square – A arte da Discórdia" e "Triângulo da Tristeza". A equipe de “Tár”, de Todd Field com Cate Blanchett sobre a vanguardista regente de uma orquestra sinfônica alemã, também vai estar presente.
Pedro Santiago explica que o ateliê, que acontece durante nove dias, é uma série de encontros palestras, laboratórios, workshops e vivências de networking. “Vai ser uma oportunidade única de estar em contato com essas pessoas do grande escalão do cinema e da indústria cinematográfica”, ressalta.
O compositor brasileiro passou em uma seleção mundial e foi um dos 204 escolhidos, de 68 países, para integrar a “Berlinale Talents” deste ano que tem como tema “You must be Joking – Humour in Serious Times”. O brasileiro acredita que o momento atual de pós-pandemia de Covid e de guerra na Ucrânia determinou esse tema que fala do “humor em tempos difíceis”. Ele acha que essa temática também influenciou a escolha do diretor sueco como mentor porque “ele é um cineasta que tem essa verve humorística um pouco sarcástica e com muita crítica social ao mesmo tempo”.
Parcerias latino-americanas
Pedro Santiago fez trilhas sonoras para vários filmes brasileiros, mas suas produções mais recentes são coproduções com países latino-americanos. O peruano Takanakuy, premiado em Clermont-Ferrand, e o argentino Vinchuca integram o portfólio do compositor brasileiro selecionado na Berlinale Talents. São as primeiras parcerias latino-americanas de sua carreira, mas os dois filmes receberam trilhas sonoras completamente diferentes.
“O longa-metragem Vinchuca, que ainda está em fase de pós-produção, foi um trabalho muito interessante de fazer porque a trilha é toda com sintetizador. É uma trilha bem diferente das coisas que eu vinha fazendo. É completamente diferente da trilha do Takanakuy, que é mais orgânica, com instrumentos reais.” Um trabalho “enriquecedor” e Pedro Santiago espera que essas coproduções latino-americanas seja uma tendência que continue.

Negritude
Outra dimensão importante do trabalho dele é a contribuição com o “cinema negro”, que é seu principal foco de engajamento há seis anos. “Eu diria que é onde o coração bate mais forte”, garante. Ele já trabalhou com cineastas importantes que desenvolvem a temática da negritude, como André Novais Oliveira, Gabriel Martins, Aline Motta, Marcelo Lin e Lucas Rossi. Além disso, tem o exemplo do pai, Daniel Santiago, e da tia, Lílian Santiago. “É uma coisa que me alimentou muito a vida toda e eu tenho muito orgulho desses filmes que eu fiz”, afirma.
Pedro Santiago nasceu “por acaso” em Paris, quando a mãe estava na cidade para um pós-doutorado em Ciências Sociais e Políticas, mas cresceu em São Paulo. Herdou a paixão por filmes do pai e da tia, mas se formou em música na Faculdade Santa Marcelina. “Eu sempre tive o cinema dentro de casa, mas a minha paixão pela música era enorme. Então, aliar as duas coisas foi um sonho que se tornou realidade”, diz o compositor.
As trilhas sonoras são essenciais para a produção de um bom filme. João Pedro intervém principalmente na fase de pós-produção agregando às imagens “uma terceira dimensão, uma profundidade que a imagem por si só não traz. A música e o som auxiliam a narrativa”.
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